Brasil quer o apoio do Japão para ocupar cadeira no Conselho de Segurança da ONU

16/09/2004 - 15h18

Paula Medeiros
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que o Brasil e o Japão têm "indiscutível" vocação para ocupar assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Lula defendeu a renovação das instituições da ONU e pediu o apoio do Japão para o seu pleito que, segundo ele, defende os mesmos princípios que o Brasil. "É natural, portanto, que o Brasil e o Japão se apóiem mutuamente nesse processo inadiável de atualização das instituições das Nações Unidas às exigências do mundo contemporâneo", afirmou.

Durante um almoço oferecido ao primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, que está em visita oficial ao Brasil, o presidente Lula destacou que a presença de Koizumi no Brasil abre uma nova etapa na relação entre os dois países. Lula ressaltou que o Brasil e o Japão passam por processos de renovação política e econômica.

O presidente brasileiro lembrou que em poucas décadas o Japão se transformou na segunda potência econômica mundial, e disse que o Brasil também está voltando a crescer. "Reencontramos o caminho do desenvolvimento, de forma sustentável e com justiça social. Colhemos os primeiros frutos de uma política econômica consistente e responsável. Estamos saneando as contas públicas, aprimorando o marco regulatório, reduzindo a vulnerabilidade externa. Mas é fundamental, sobretudo, superar as histórias desigualdades sociais que mancham nossa sociedade e retardam nosso progresso", afirmou.

O presidente Lula manifestou o desejo de que o Brasil volte a ser o destino preferencial dos empreendimentos japoneses. Ele garantiu que irá trabalhar para que o Japão volte a ser fonte de investimentos e de conhecimentos para o Brasil. Para isso, Lula citou a revitalização do Comitê Econômico Brasil-Japão, criado no ano 2000. Segundo Lula, o comitê permitirá que os empresários identifiquem novas oportunidades de investimentos nos dois países.

Lula revelou ainda que aceitou o convite feito por Koizumi para visitar o Japão "proximamente".

Reunião

Antes do almoço, o presidente Lula e o primeiro-ministro Koizumi tiveram uma reunião de trabalho no Palácio do Planalto. Ministros dos dois países participaram do encontro. Entre outros assuntos, eles conversaram sobre o incremento das relações nipo-brasileiras e sobre a comunidade brasileira que vive no Japão.

Lula e Koizumi trataram de temas da agenda multilateral, com ênfase na reforma da Organização das Nações Unidas e na cooperação internacional para a promoção da paz, da segurança e do desenvolvimento. Dentro da agenda bilateral, Lula e Koizumi discutiram formas de dinamizar as relações econômicas, comerciais, financeiras, científico-tecnológicas e culturais entre os dois países.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em 2003 o Brasil exportou US$ 2,3 bilhões para o Japão e importou US$ 2,5 bilhões do país. Em 1997, o Japão era o quarto maior importador do Brasil e o comércio entre os dois países somava US$ 6,6 bilhões. Desde então, o comércio entre Brasil e Japão caiu para os atuais US$ 4,8 bilhões e o Japão passou a ser o sétimo país que mais importa do Brasil.