Brasília, 29/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - A greve dos agentes da Polícia Federal, que hoje completa 52 dias, continuará por tempo indeterminado em todo o País. Este foi o resultado de uma Assembléia-Geral, realizada hoje à tarde em Brasília. Francisco Garisto, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, disse que os grevistas não vão ceder em nada e partirão para o que chama de "radicalização legal". Nos portos e aeroportos, por exemplo, os serviços são mantidos normalmente, mas só com os 30 por cento do contingente local, como manda a lei.
Para ele, "os policiais não têm mais nada a perder e o movimento ganha nova força", mesmo com os dias parados sendo descontados como faltas. O presidente da Fenapef, lamentou que "o governo tenha resolvido entregar o caso à Justiça. Mas é bom lembrar que ainda temos 23 liminares contra o corte dos pontos dos grevistas", lembrou.
A greve na Polícia Federal começou no dia nove de março e envolve agentes, escrivães e papiloscopistas, que são os especialistas em impressões digitais. As três categorias da instituição reivindicam pagamento de salário equivalente ao que ganham os servidores com escolaridade de nível superior, com base na lei 9.266/96, que tornou obrigatória a conclusão do terceiro grau para um candidato ingressar nos quadros da PF.
Isto igualaria os salários-base das três categorias com os de delegado, que em início de carreira, conforme tabela do Ministério do Planejamento, divulgada pela Fenapef, é de R$ 467,54, de segunda classe (início da carreira). O dos grevistas, pela mesma tabela é de R$ 250,46. Isto representa um aumento de 86,67%. Os salários-base, entretanto, são acrescidos de uma série de gratificações e vantagens. Havendo alteração destas vantagens, o ganho inicial das categorias em greve pode passar dos atuais R$ 4,2 mil, para R$ 7,8 mil, igual ao dos delegados.
Já o Ministério da Justiça alega que não há base jurídica para a reivindicação dos grevistas, pois a lei, ao mesmo tempo que impõe a obrigatoriedade do curso superior, estabelece uma tabela específica para os salários. No início da noite de hoje, a assessoria de imprensa do Ministério divulgou dizendo que o Governo não atenderá as reivindicações dos grevistas, descontará nos contra-cheques os dias parados, considera o movimento abusivo e que estão esgotadas as negociações.