Stenio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou hoje, durante audiência pública, em comissão mista do Congresso Nacional, que o Brasil tem condições sólidas para enfrentar crises e sobressaltos externos, tais como uma eventual elevação dos juros norte-americanos, ou uma "freada" no superaquecimento da economia chinesa.
Segundo ele, fatores externos são considerados pelo BC, mas assegurou que "eles não têm peso preponderante" na tomada de decisões monetárias, que são resultado da avaliação de muitas variáveis; a começar pelo controle da inflação e pela convergência da trajetória de metas traçadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O aumento dos juros nos Estados Unidos não tem relação de causa e efeito no Brasil e os mercados já estão se movimentando para absorver eventuais mudanças sem maiores impactos, disse o presidente do BC.
Meirelles disse que os fundamentos da economia brasileira são hoje bem melhores que no passado recente, o que permite ao Brasil "olhar para o mundo com muita tranqüilidade". De acordo com o presidente do BC, os principais indicadores do mercado interno demonstram que a política econômica do governo federal está dando resultados positivos.
Ele salientou que a economia brasileira reagiu "muito bem" no ano passado, apesar da queda de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Ele ressaltou que, a partir do terceiro trimestre de 2003, foi possível reverter, gradativamente, a situação, ao ponto de o PIB crescer 1,5% no último trimestre do ano, o que dá uma taxa anualizada de 6,14%. Segundo ele, o crescimento está se dando de forma continuada, de modo a possibilitar elevação de 3,5% neste ano.
O presidente do BC afirmou que a retomada dos investimentos industriais, a partir de setembro do ano passado, são exemplo da reconquista da confiança do empresariado nacional nos acertos da política fiscal adotada. Fator que ganha força, segundo ele, quando se percebe a tendência declinante da volatilidade da taxa de câmbio, mesmo diante de turbulências lá fora. Exemplo disso, acrescentou, é a força da balança comercial, que atingiou saldo recorde de US$ 27 bilhões no acumulado de doze meses até março último.
A política econômica do governo foi alvo de críticas de parlamentares na audiência. Meirelles salientou que nem todos os indicadores são bons, uma vez que "é preciso reduzir o desemprego e aumentar a renda per capita". Meirelles comentou a decisão do governo de fixar o salário mínimo em R$ 260. Ele disse que foi levado em conta os melhores interesses do país a médio prazo.