Brasília, 29/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - Mais de R$ 12 bilhões deverão ser investidos nos próximos cinco anos pelas empresas ferroviárias em infra-estrutura, desenvolvimento de novas tecnologias, compra de vagões e locomotivas e na manutenção da via permanente. Deste total, R$ 5 bilhões poderiam vir do governo, sendo R$ 2 bilhões pela renúncia à arrecadação do arrendamento de equipamentos ferroviários das antigas estatais e R$ 3 bilhões de repasse de tributos como a Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico (Cide).
A informação foi dada hoje pelo presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Guilherme Laager, durante o seminário Brasil nos Trilhos, comemorativo dos 150 anos de implantação das ferrovias no Brasil pelo Barão de Mauá, que, em 1854, inaugurou a ligação ferroviária no país, a Imperial Cia. De Navegação e Estrada de Ferro Petrópolis, mais tarde EF, com 14,5 km de extensão.
O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, presente à abertura do seminário, manifestou o interesse do governo no desenvolvimento do transporte ferroviário, destacando que há um equívoco histórico na prioridade que durante muitos anos foi dada à construção de rodovias no país. Nascimento disse o desenvolvimento do transporte ferroviário deverá ser feito em parceria com as empresas privadas que exploram o setor, privatizado no governo passado. Para isso, o governo estuda uma proposta das concessionárias para abrir mão de R$ 400 milhões anuais que recebe delas pelo arrendamento de equipamentos ferroviários das antigas empresas estatais.
Segundo o presidente da ANTF, as empresas pretendem aumentar a participação das ferrovias no setor de transportes do país dos atuais 24 % (era de 19% antes da desestatização) para até 30%, se houver investimentos também do governo, o que permitirá ampliar o tráfego ferroviário em 60%. Juntas, elas já investiram R$ 4 bilhões de 1996 até o ano passado.
De acordo com dados da ANTF, desde a privatização, em 1996, o número de acidentes ferroviários foi reduzido em 55%; as empresas investiram mais de R$ 4 bilhões e, até 2008, serão investidos R$ 3,3 bilhões em vias permanentes, do total de R$ 12 bilhões previstos pelas concessionárias; aproximadamente 20 mil empregos diretos e indiretos foram gerados e o volume de carga transportada cresceu 34%, chegando a 185 bilhões de toneladas –quilômetro útil.
Cada dólar investido em ferrovias vai gerar um aumento de US$ 8 na balança comercial brasileira, informou Guilherme Laager. Segundo ele, isso não é suficiente, e o governo federal precisa implantar, o mais depressa possível, o Plano de Revitalização das Ferrovias, lançado há um ano, para assegurar o crescimento do setor ferroviário.
Numa comparação com outros países, a participação das ferrovias brasileiras na matriz de transporte ainda é muito pequena, com apenas 24%, e cerca de 30 mil quilômetros de linhas. Na Rússia, esse percentual é de 81%, no Canadá, 46%; nos Estados Unidos e na Austrália, 43% do transporte é feito por meio de ferrovias, ressalta Guilherme Laager.