Brasília, 26/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - Os alunos interessados em disputar uma vaga no ensino superior, pelo sistema de cotas da Universidade de Brasília (UNB), terão que tirar foto, no ato de inscrição, para comprovar que são negros. A universidade é a primeira instituição federal a implantar o sistema no Brasil e quer garantir que os alunos beneficiados sejam mesmo da raça negra.
"Porque nós fazemos tanta questão da aparência? Porque a discriminação não se dá em função de você ter um avô ou avó negra, pai ou mãe negra, mas sim se você apresenta essas características. O que a universidade está fazendo é considerar isso positivamente", explica a professora Dione Moura, relatora do "Planos de Metas, Integração Social, Étnica e Racial da UNB".
De acordo com ela, o aluno terá a opção de se auto-declarar negro, mas terá obrigatoriamente de tirar a foto. Por isso, as inscrições só serão realizadas em cinco postos localizados no Distrito Federal e em sete espalhados por cidades de Goiás e Minas Gerais. Aqueles que forem "reprovados" por causa das fotos serão, automaticamente, transferidos para a concorrência geral com os outros vestibulandos.
Na UNB, a cota vai garantir vaga para 20% dos alunos, que serão selecionados como qualquer candidato. Será aprovado somente o estudante com aproveitamento real da prova do vestibular. "Isso demonstra que não serão aprovados alunos sem condições acadêmicas", explica a professora.
Dione lembra que não haverá sobra de vagas dentro dos 20%. Segundo ela, o estudante que não for aprovado será incluído na disputa com os outros 80% fora do sistema. A reserva começa a valer para o próximo processo seletivo, em julho deste ano.
Além da UnB, as universidades estaduais da Bahia (Uneb) e do Rio de Janeiro (Uerj) já participam do sistema de cotas. A medida provisória que autoriza a implantação da política de cotas para negros em todas as universidades federais do país foi enviada, nesta semana, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.