Brasília, 26/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - A falta de legislação adequada para a formação de centrais de negócios é o principal problema dos supermercadistas de pequeno e médio porte. A conclusão é de João Francisco Kasper, representante de uma rede de pequenos supermercados que atua no Espírito Santo. Ele proferiu uma palestra para supermercadistas que estão participando de uma convenção setorial do Centro-Oeste, em Brasília.
Segundo Kasper, a adoção de centrais de negócios é a única forma de as redes menores sobreviverem ao domínio das grandes redes de supermercados. Ele diz que as centrais funcionam como órgãos representativos, possibilitando que essas empresas possam competir em pé de igualdade com as grandes redes. "Se juntando, eles se tornam fortes, porque compram em conjunto. Se comportam como grandes empresas, embora continuem sendo pequenas", afirma.
O setor de supermercados no Brasil vem recebendo crescentemente a participação de grupos internacionais. O Carrefour foi o primeiro e está há mais de 20 anos no Brasil. Agora, de acordo com Kasper, a multinacional Wall-Mart, que comprou a rede de supermercados Bompreço, vai ocupar uma posição mais expressiva no mercado brasileiro. Deve, na avaliação do empresário, liderar o setor no Nordeste. "Cabe a constatação de que mesmo em condições normais se a demanda viesse crescendo normalmente essa realidade não seria fácil para os pequenos e médios supermercados. Cerca de 45% da distribuição brasileira de produtos alimentícios está na mão de seis ou sete grandes operadores", afirma.
A queda nas vendas dos supermercados no primeiro bimestre é de 3,1%, comparando com o mesmo período do ano passado. As causas disso, alega Kasper, se devem à renda decrescente dos brasileiros. "Em contrapartida, os supermercados enfrentam aumento das tarifas públicas e a pressão de sindicatos por reajustes de salários dos funcionários".
Janeiro e fevereiro acumulou retração de 3,1% nas vendas, em relação a igual período do ano passado. A base do ano anterior também não era boa. "Você tem de um lado o desemprego e de outro, mesmo quem está empregado, redução na disponibilidade orçamentária para consumo".
Para o supermercado, que é um varejo altamente sensível a essa variação de renda sente logo. "Há um temor do pequeno e médio empresário pelo agravamento dessa retração na demanda", afirma Karpes.