Brasília, 27/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - O brasileiro Dener Giovanini, fundador e diretor da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), vai receber um prêmio no valor de US$ 100 mil da Organização das Nações Unidas (ONU) por desenvolver projetos de educação, pesquisa ambiental e de conservação de espécies em extinção. A organização não governamental (ONG) dirigida por Giovanini também apóia os órgãos de fiscalização e controle do tráfico de animais silvestres. Novecentas voluntários, entre estudantes, professores, biólogos e veterinários promovem cursos de educação ambiental em todo o país.
No Brasil, a maioria dos animais silvestres vendidos ilegalmente vai para o mercado externo. De 10 animais vendidos, 4 vão para países da Europa, Ásia e América do Norte. Os preferidos são araras, tucanos, papagaios e pássaros canoros.
De acordo com Giovanini, a comercialização está concentrada nas áreas de baixa renda. "Grande parte das pessoas se envolve no tráfico de animais por causa do ganho fácil de dinheiro. Elas fornecem os animais para os traficantes porque não têm outra fonte de renda", disse Giovanini.
Para ele, o prêmio fará com que se amplie o trabalho que a Renctas vem desenvolvendo no país para combater o tráfico de animais silvestres. "Uma das razões que nos levaram a receber o prêmio foi a nossa maneira inovadora de trabalho, que tenta unificar as ações dos governos federal, estadual e municipal junto com as ações da sociedade civil. Somente a união do governo com a sociedade é que vai resolver os problemas sociais e econômicos".
O único brasileiro que recebeu esse prêmio foi o seringueiro Chico Mendes, assassinado por fazendeiros no Acre, por seu trabalho de defesa da floresta amazônica.
Segundo Giovanini, a sociedade pode ajudar a combater o tráfico de animais. Ele recomenda que a polícia, os órgãos de defesa dos animais, organismos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e as prefeituras sejam comunicadas quando um animal for visto sendo vendido ilegalmente.