Lula diz que governo não quer esvaziar agências reguladoras, mas ''colocar as coisas em seu lugar''

24/09/2003 - 15h23

Nelson Motta
Enviado Especial

Nova York - Sobre as manifestações do MST que ocorreram no Brasil neste período em que está fora do país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, durante coletiva, que teve informação do incidente ocorrido no Ministério da Agricultura. "Com comportamentos assim, eles não se ajudam. Nós estamos construindo com o ministério do Desenvolvimento Agrário uma proposta de reforma agrária. Nós queremos pactuar com o MST e outras entidades que cuidam da questão da terra no Brasil e não vamos enveredar pelos mesmos erros que o Brasil cometeu nos últimos 15 anos. Ou seja, assentar pessoas e não lhes dar nenhuma condição de tornar produtiva a terra", disse Lula.

Para o presidente Lula, o governo não quer apenas fazer uma transferência de miseráveis urbanos que continuem miseráveis no campo. "Nós queremos dar capacidade de produção para as pessoas que são assentadas em uma área. Isso está sendo feito. O mais cômodo é fazer as coisas precipitadas e enveradar pelo mesmo erro. Nós viemos para mudar o Brasil e vamos mudar inclusive a metodologia de fazer reforma agrária", destacou o presidente. Sobre o MST, o presidente Lula completou: "Acho que o movimento é democrático, tem que fazer as suas pressões, suas reivindicações. Isso não muda o nosso comportamento com relação ao tempo".

Agências

Em relação às agências reguladoras, o presidente Lula disse que não há interesse nenhum em esvaziá-las. "O interresse do governo é colocar as coisas em seu devido lugar. Quem decide politicamente é o governo, quem cuida da regulamentação são as agências, apenas isso. Isso é apenas colocar as coisas em seu devido lugar", afirmou o presidente.

Segundo Lula, se, durante algum tempo, as agências reguladoras foram além de suas funções por conta de esvaziamento de ministérios, isso vai mudar. "Nós vamos fazer isso com a maior transparência. Vamos estabelecer um marco regulatório o mais transparente possível, portanto não há nenhum conflito", completou Lula.

O presidente afirmou ainda que não teme assustar investidores com a MP publicada ontem sobre o papel das agências reguladoras. "Eu temo é trazer muitos investidores para o Brasil, o que eu quero fazer", concluiu.