São Paulo - O Hospital do Câncer e o Instituto Ludwig promovem em São Paulo o simpósio internacional "How Close Are We from Cancer Cure?" (Quão Perto Estamos da Cura do Câncer), para discutir os avanços no tratamento da doença. Para Luiz Fernando Lima Reis, diretor de pós-graduação do Hospital do Câncer, e coordenador do evento, é difícil responder quanto falta para encontrar a cura. "O importante nos estudos que são realizados em todo o mundo, é que cada vez mais os pesquisadores descobrem as causas da doença. Hoje sabemos as causas de cerca de 70% dos tumores. Com o conhecimento das causas é possível avançar nas formas de prevenção", explicou Lima Reis.
O especialista lembra de uma frase sempre citada por Ricardo Brentani, presidente do Hospital do Câncer: "Câncer não é uma doença para ser tratada, é uma doença para ser prevenida".
Segundo especialistas, as causas da doença são variadas, associadas a fatores externos ou internos ao organismo. Nos fatores externos, o meio ambiente e hábitos ou costumes são determinantes, como o uso contínuo do cigarro, a exposição excessiva ao sol e componentes de alimentos que são ingeridos, por exemplo. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas.
O câncer de pulmão é o que mais mata no Brasil e no mundo. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que cerca de 16 mil brasileiros devem morrer este ano em conseqüência da doença. E mais, o cigarro é responsável por cerca de 90 % dos casos de câncer de pulmão. Outras doenças responsáveis por um número elevado de mortes no país, são próstata, com maior incidência nos homens, e câncer de mama, nas mulheres.
O simpósio vai discutir até sábado, dia 23, entre outros assuntos, o uso de medicamentos que atacam somente as células cancerosas, os resultados do projeto Genoma de Câncer e a vacina que está sendo pesquisada também no Brasil, com objetivo de impedir a infecção pelo vírus HPV (Papilomavírus humano), e o aparecimento do câncer de colo do útero.
A pesquisadora do Instituto Ludwig, Luisa Lina Villa, explica que o câncer do colo do útero "em quase sua totalidade é causado pelo HPV", em maior número nas mulheres. No Brasil, cerca de 30 mulheres de cada 100 mil, terão um novo caso de câncer, ou seja, segundo o INCA, são de 20 a 30 mil novos casos por ano, desse total, de 30 a 40 % poderão morrer. A forma de prevenir a doença é realizar periodicamente o exame de Papanicolau.
Luisa Villa alerta que a infecção genital pelo HPV é uma doença sexualmente transmissível, ocorrendo em uma de cada quatro mulheres no Brasil. Entretanto, menos de 1 % das mulheres infectadas desenvolvem o câncer no colo de útero. "É preciso remover esse terror, de que tendo um vírus HPV, se terá o câncer".
A pesquisadora informou que resultados preliminares dos estudos para a criação da vacina contra os quatro tipos mais comuns de HPV, dois que causam lesões benignas e outros dois, responsáveis pelo câncer, "são seguras" e estão controlando as infecções sem oferecer riscos à saúde. As pesquisas referentes à vacina necessitam de ainda de dois a quatro anos para a conclusão e constatação da eficácia do medicamento.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMC), a cada ano, cerca de 470 mil mulheres, em todo o mundo, desenvolvem a doença e 225 mil morrem.