Noéli Nobre
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério da Saúde vai investigar denúncia de irregularidade na fila de transplantes do Rio de Janeiro. Há suspeitas de que o sociólogo Jaime Ariston tenha desobedecido à ordem para receber transplante de fígado. Ele era o 32º da fila e irmão do secretário estadual de transportes do Rio, Augusto Ariston. A cirurgia foi feita no fim de julho, no Hospital do Fundão.O sociólogo morreu na manhã de hoje por falência múltipla dos órgãos.
O coordenador da central estadual de transplantes, a Rio Transplantes, Joaquim Ribeiro Filho, explicou que o fígado apresentava problemas. "Era um órgão defeituoso e foi usado na tentativa de salvar um paciente grave. Na fila, nós temos vários pacientes que não chegarão ao primeiro lugar e morrerão. Para esses pacientes, nós oferecemos esse tipo de órgão."
Mas é preciso que o paciente esteja de acordo em se submeter à cirurgia. Segundo Ribeiro, os primeiros da lista de espera teriam rejeitado o órgão. Jaime Ariston, em estado grave, teria aceitado.
Na investigação do Ministério da Saúde, vão ser levados em consideração os argumentos da coordenação da Rio Transplantes. De acordo com o coordenador do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde, Diogo Mendes, a casa conta, em princípio com o total apoio do Ministério. Mas, se forem comprovadas irregularidades, haverá punição.
"O Ministério da Saúde tem o poder de controlar e fiscalizar todas as atividades de transplante no Brasil. E tem o poder de aplicar penalidades administrativas por qualquer infração que venha a ser cometida. Pode, inclusive, suspender cautelarmente os estabelecimentos e as equipes por até sessenta dias durante a apuração das infrações", afirmou Mendes. Além da suspensão, existe a possibilidade de descredenciamento da equipe e do hospital envolvidos no caso.