Contag contesta proposta de Mantega de arrendar terras e cobrar de assentados

21/08/2003 - 20h04

Brasília - A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura contestou proposta apresentada pelo ministro do Planejamento, Guido Mantega, de arrendar imóveis rurais para a reforma agrária e depois cobrar dos assentados. De acordo com Alberto Broch, vice-presidente da Contag, "a entidade considera esta proposta como uma brincadeira, uma má brincadeira".

Segundo Broch, o ministro Mantega fez uma declaração infeliz e que não terá resultados práticos. "Arrendar terras é fortalecer o latifúndio. A reforma agrária deve ser um processo produtivo, desde a assistência técnica até os créditos para a produção". Disse que a agricultura familiar gera emprego e renda no campo e por isto deve ser fortalecida. "Os governos devem priorizar os investimentos neste seguimento e não pensar apenas no agronegócio, que pode andar com as próprias pernas. A grande agricultura comercial sempre teve mais de 80% dos investimentos e políticas públicas. Se agora o pequeno agricultor for pagar pela terra, fica difícil de acreditar" afirmou.

Já o ministro Miguel Rosseto, do Desenvolvimento Agrário, garantiu que "o instrumento central da reforma agrária é a desapropriação de terras". De acordo com ele, outras alternativas são acessórios. Rossetto garantiu ainda não ter tomado conhecimento sobre as declarações do ministro Guido Mantega.

Segundo Rosseto, "o governo deve ter uma política ativa e não passiva como estratégia de desenvolvimento". Como ativa, considerou como a parte mais forte do governo a desapropriação de terras para a reforma agrária.