Suplicy manifesta ''desconforto'' na bancada petista com afastamento de senadora

02/07/2003 - 14h16

Brasília, 2/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Na reunião que terá agora à tarde com os líderes do governo e do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP) e Tião Viana (AC), e o presidente nacional do partido, José Genoíno, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que vai reiterar seu posicionamento de "desconforto" quanto à permanência na bancada petista, que afastou temporariamente a senadora Heloísa Helena (AL). Com isso, as atividades partidárias e parlamentares de Heloísa Helena ficam limitadas até que o o Diretório Nacional do PT decida sobre sua permanência na legenda, o que poderá ocorrer na próxima reunião, nos dias 11 e 12 deste mês. Suplicy disse que ficou triste com o resultado de ontem e transmitiu o recado a Tião Viana, por escrito. O senador paulista não esclareceu, entretanto, se continua na bancada.

Tião Viana, por sua vez, disse que não acredita em desgaste do partido no Senado por causa do afastamento da senadora, nem teme uma oposição mais forte da parte de Heloísa. "Pelo contrário, agora a senadora tem liberdade para agir de acordo com sua consciência e, numa relação dela com o PT, apenas no que diz respeito ao Diretório Nacional. Quanto à bancada, ela está inteiramente livre para agir, porque não é mais um posicionamento de bancada", frisou.

Para Suplicy, a permanência de Heloísa Helena na bancada traria mais benefícios que perdas à legenda. "Se quisermos ter atitudes mais construtivas da senadora Heloísa Helena, o melhor será nós a termos conosco de maneira mais acolhedora do que com medidas desse tipo", observou. Ele disse que está disposto a dirigir um apelo aos líderes do partido para que revejam a decisão e também aos filiados do PT, para que expressem aos senadores do partido em seus estados o que pensam sobre o afastamento de Heloísa.

Suplicy lembrou que o comportamento da senadora já é alvo de uma comissão de ética instalada pelo partido. "Nós estamos precipitando uma posição de desligamento. Ainda mais diante de um procedimento constituído pelo Diretório Nacional de estabelecer uma comissão de ética para examinar o comportamento dela e de outros parlamentares, cuja decisão final está marcada para setembro", disse.

Tião Viana ressaltou que o afastamento da senadora da bancada foi uma decisão "consciente e responsável", resultado de um processo que evoluiu durante seis meses, em que houve quebra de confiança. "Assim, a construção de uma unidade política que represente a maioria, em apoio ao governo, aos projetos do governo e ao partido no Senado estaria mais facilitada, o que não quer dizer que a senadora estará fora do partido", explicou o líder, garantindo que, se o Diretório Nacional decidir pela reintegração da senadora à bancada do PT, os senadores petistas estarão "prontos e tranqüilos para acolher qualquer decisão democrática".