Bancada do PT no Senado reavalia na próxima semana punição a Heloísa Helena

02/07/2003 - 19h36

Brasília, 2/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Os senadores petistas vão reavaliar, na próxima semana, a decisão de suspender temporariamente a senadora Heloísa Helena (AL) da bancada. O apelo, feito pelo senador Eduardo Suplicy (SP), foi acatado pelo líder do partido, Tião Viana (AC). O parlamentar paulista foi um dos quatro que votaram contra o afastamento da senadora.

Em discurso no plenário do Senado, Suplicy pediu moderação a Heloísa Helena nas suas críticas ao governo para que se chegue à solução do impasse. Pelo menos 14 deputados petistas prestaram solidariedade à senadora e acompanharam o discurso de Suplicy que, juntamente com apartes de Ana Júlia Carepa (PT-PA), Serys Slhessarenko (PT-MT) , Paulo Paim (PT-RS) e Pedro Simon (PMDB-RS), buscaram jogar água na fervura causada pela decisão da bancada, na noite de terça-feira.

O processo de abrandamento do conflito entre a senadora alagoana e a bancada de seu partido se desenrolou ao longo desta quarta-feira. Suplicy disse ter recebido telefonemas do presidente do PT, José Genoíno, e do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, que se dispuseram a trabalhar pela harmonização do partido. Eduardo Suplicy também conversou com Heloísa Helena e, no início da tarde, reuniu-se com Genoíno e Tião Viana para discutir a possibilidade de uma reunião na semana que vem com toda a bancada.

No seu discurso, Suplicy manifestou total confiança no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, praticamente, lançou a candidatura de Lula à reeleição. "O governo do presidente Lula vai acertar não só na estabilidade da economia mas, também no seu crescimento acelerado e na geração de empregos. E vai acertar tão bem que receberá o apoio de todo o PT à reeleição. E, sendo ele candidato, não vou concorrer nas prévias como fiz no ano passado", afirmou.

Apesar do aceno da ‘bandeira branca’ por Suplicy em favor de uma solução pacífica na relação entre Heloísa Helena e a bancada, o racha entre moderados e radicais continua. Em aparte ao senador paulista, seu colega Sibá Machado (AC) enfatizou que a decisão tomada ontem foi "verdadeira, legítima e com quórum qualificado". Disse, ainda, que a discussão da bancada teve como objetivo definir "até onde a elasticidade da tolerância deve ir".

Já a senadora Ideli Salvatti (PT/SC), que não se manifestou durante o discurso de Suplicy, afirmou à Agência Brasil que a decisão dos senadores deveu-se a um acúmulo de situações insustentáveis. "Ela nunca participa das reuniões da bancada. Só foi nas reuniões de interesse pessoal dela", criticou. A senadora catarinense ressaltou, ainda, que a correlação de forças governistas, no Senado, "é débil" e, por isso, depende do PMDB. "Qualquer fissura representa lenha na fogueira", acrescentou.

Heloísa Helena atendeu aos apelos para que moderasse o discurso, nos últimos meses carregado de críticas ao presidente, ao governo e a colegas. Ela disse ter certeza de que alguns colegas votaram constrangidos pelo seu afastamento e, por isso mesmo, não preparou recurso à bancada mas, sim, à Executiva Nacional. Quanto à reunião da próxima semana, Heloísa Helena espera que se possa preservar a tradição de democracia interna e do debate de idéias no PT.

Além dos senadores Paulo Paim (PT/RS), Ana Júlia Carepa (PT/PA), Serys Slhessarenko e Eduardo Suplicy (PT/SP), prestaram solidariedade a senadora Heloísa Helena os seguintes deputados: Paulo Rubem (PT/PE), Tarcísio Zimerman (PT/RS), Walter Pinheiro (PT/BA), Doutor Rosinha (PT/ PR), Chico Alencar (PT/RJ), João Alfredo (PT/CE), Ivan Valente (PT/SP), Adão Preto (PT/RS), Lindbergh Faria (PT/RJ), João Fontes (PT/SE), João Grandão (PT/MS), João Batista Babá (PT/PA), Orlando Besconsi (PT/RS), Gilmar Machado (PT/MG).

Marcos Chagas