Brasília, 2/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Se a senadora Heloísa Helena (PT/AL) está magoada com a decisão da bancada do seu partido de afastá-la temporariamente, também é verdade que a maioria dos senadores petistas não agüenta mais as posições da colega contrárias às deliberações partidárias nas votações de plenário. Ideli Salvatti (PT/SC), por exemplo, crítica a postura de Heloísa Helena, que não comparece às reuniões de bancada, "a não ser quando dizem respeito a questões de seu interesse pessoal". Ele acha que esse comportamento compromete o andamento da pauta da Casa e critica também as alianças da senadora com partidos de oposição, inclusive PFL e PSDB.
Ideli Salvatti citou, por exemplo, a votação da medida provisória da renegociação das dívidas agrícolas, que trancou a pauta do Senado por dez dias. Segundo a senadora catarinense, Heloísa Helena não abriu mão de sua emenda nas negociações, o que dificultou a aprovação da matéria. A paciência de parte da bancada petista acabou de vez na semana passada, na votação do projeto de conversão que inclui pequenos agricultores no seguro safra, quando Heloísa Helena aliou-se ao PFL contra o governo.
Mas a punição a Heloísa Helena causou alvoroço em boa parte do PT. Considerado um dos radicais petistas, o deputado João Batista Babá (PA) acha que os parlamentares que divergem da orientação da cúpula estão impedidos de defender posições históricas do partido. "Mas isso não vai nos intimidar e não serão estas pressões que nos farão votar a favor destas reformas (previdenciária e tributária), contrárias aos interesses dos trabalhadores", completou.