Em São Paulo, imigrantes esperam que anistia traga cidadania

30/12/2009 - 6h50

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O costureiro Felix Choque deixou a Bolívia há umano em busca de uma vida melhor no Brasil. Funcionário de uma oficina decostura em São Paulo, onde trabalha 12 horas por dia, ele pretende encaminhar o pedido de anistia ao governo brasileiro. "Quero andar com a cabeça erguida daqui prafrente", disse o costureiro. "Tenho medo da polícia aqui no Brasil, não vejo ahora de ser um cidadão brasileiro", afirmou.O boliviano faz partede uma comunidade que o Centro de Apoio ao Migrante (Cami), em SãoPaulo, estima que seja formada por 300 mil pessoas apenas no estado de São Paulo.Segundo a advogada da entidade Tatiana Chang Waldman, com a anistia osimigrantes terão os mesmos direitos dos cidadãos brasileiros,menos o de votar. "O acesso à saúde e à educaçãoeles já têm, porém, enfrentam algumas dificuldades ao tentarmatricular os filhos na escola, conseguir certificados", exemplificou a advogada em entrevista à Agência Brasil.O autônomoperuano Carlos Sanchez recebeu a anistia em abril deste ano ecomemora sua maior vitória nestes três anos em que vive no Brasil: a carteirade trabalho. "Agora já posso arrumar um trabalho melhor",afirmou. Para a advogada do Cami, a anistia é importante para que os estrangeiros possam exercer a cidadania, já que a falta de documentação osimpede de alugar um imóvel e abrir conta em banco, entre outras dificuldades. "Com a carteira profissional eles podem, por exemplo,demandar questões trabalhistas", disse.A costureira Carla Garcia está pleiteando suapermanência graças a um acordo que o Brasil fez com a Bolívia.Grávida de sete meses, de um menino, ela espera que o documento aajude a começar uma nova vida: "Vou conseguir alugar uma casapara minha família".