Ministério da Educação quer consolidar Enem em 2010

30/12/2009 - 23h24

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em 2010, um dos principais desafios do Ministério da Educação seráconseguir fazer uma edição menos turbulenta do Exame Nacional do EnsinoMédio (Enem). O que começou em maio com uma ideia do ministro Fernando Haddad de unificar os vestibulares do país terminou com o roubo da prova e a consequente saída do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Reynaldo Fernandes, meses depois. Depois que as provas do Enem foram roubadas e o exame teve de ser remarcado,Haddad defendeu que grandes avaliações deveriam estar livres da lei delicitações. Segundo ele, esse foi o motivo para que um consórcio quenão tinha a experiência necessária ficasse à frente do exame.O ministro sugeriu que o Estadotivesse uma estrutura para atuar na organização de concursos e citou oCentro de Seleção e Promoção da Universidade de Brasília (Cespe/UnB)como uma instituição estatal que tinha inteligência acumulada parafazer esse serviço. Foi justamente o diretor-geral do Cespe, JoaquimJosé Soares Neto, que assumiu a vaga de Fernandes com a missão de“consolidar” o exame.OEnem foi criado em 1998 e é voluntário. Mas a participação cresceumuitos nos últimos anos depois que ele passou a ser pré-requisito paraestudantes que querem pleitear uma bolsa no Programa Universidade paraTodos (ProUni). Para 2010, o plano do MEC era mais ambicioso. A ideiaera que o exame substituísse, gradualmente, o vestibular de todas asuniversidades federais. Reitores reuniram seus conselhos universitáriose foi grande a adesão: mais de 40 das 55 instituições federaisincorporaram o Enem aos seus processos seletivos, além de algumasuniversidades estaduais. A prova foi reformulada, cresceu emtamanho e em conteúdo. Mais de 4 milhões de inscrições chegaram até oInep. Tanta expectativa foi frustrada às vésperas do exame, marcadopara os dias 3 e 4 de outubro.Um dos funcionários do Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção(Connasel), responsável pela realização da prova,roubou alguns exemplares da gráfica que imprimia o material e tentouvendê-los ao jornal Estado de S. Paulo. Descoberta a fraude, o MEC decidiu adiar o exame. Em menos de uma semana o exame foi remarcado, oConnasel foi retirado da organização, e o Cespe e a Cesgranrio assumiram aprova. Polícia Federal, Forças Armadas e Correios foram chamados paraajudar na força-tarefa. O dinheiro que já havia sido pago ao Connaselpara imprimir as provas – mais de R$ 30 milhões – ainda não foiressarcido. Diversas instituições tiveram que remarcar a data de seusvestibulares para não chocar com o novo calendário do Enem e algumasdesistiram de usar a nota do exame.Em dezembro a prova foi aplicada e na avaliação do MEC, o processo ocorreu “com tranquilidade”. Mas o índice de abstenção registrado foi recorde: quase 40%.Menos de 15 dias depois, Reynaldo deixou o cargo. Em carta enviada aosfuncionários do Inep, disse que “não sai feliz, mas tranquilo”, com acerteza de que se dedicou “ao máximo ao Inep e à educação do país”.  Os resultados do Enem só devem sair em fevereiro.Até lá, o MEC precisa ainda colocar no ar o Sistema de Seleção Unificado(Sisu). É nessa plataforma que os alunos irão se inscrever paradisputar as vagas nas federais. Segundo o ministro, as chances deaprovação serão multiplicadas. Mas isso, os estudantes só poderãoconferir no ano que vem.