Imagens de orixás voltam às festas do réveillon de Brasília

31/12/2009 - 17h10

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Depois de cinco anos sem a presença das imagens dosorixás, os terreiros de candomblé e de umbanda de Brasília realizamhoje o Réveillon da Prainha com as estátuas do escultor baiano TattiMoreno totalmente reformadas. A recuperação das imagens custouR$ 550 mil reais ao governo federal e foi feita por meio da FundaçãoCultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura. Para osrepresentantes das religiões de matrizes africanas, a destruição dasimagens foi uma clara manifestação de intolerância religiosa einaugurar a Praça do Orixás com as imagens restabelecidas significa umavitória e também motivo de preocupação. “É uma grande vitória etambém um motivo de preocupação. É necessário que se tenha segurançapara que as estátuas não sejam depredadas novamente”, considera RibamarFernandes Veleda, diretor de projetos e pesquisas da FederaçãoBrasiliense e do Entorno e Umbanda e Candomblé.A festa àsmargens do Lago Paranoá é organizada pelos terreiros desde 1963. A praça ganhou em 1992 as imagens. Em 2002, os ataques às imagens tiveraminício com o desaparecimento do orixá Nanan. Dias depois, foi localizada em um lixão. Depoisdisso ocorreram sucessivos apedrejamentos das imagens até que em 2005 uma Iemanjá apareceu incendiada. “Quando vimos a imagem de Iemanjá carbonizada,acho que sentimos o mesmo que a população brasileira quando a imagem deNossa Senhora Aparecida foi chutada na televisão. Era como se estivessem chutando afé do povo brasileiro. Para nós, era como se tivessem incendiado umsacerdote ou uma sacerdotisa da Umbanda ou do Candomblé”, comparouVeleda.Veleda considerou ainda que a tolerância religiosa aindaé um debate que precisa de amadurecimento, mas que a eleição de BarackObama para a presidência dos Estados Unidos foi um golpe contra opreconceito. “A eleição de um negro para a presidência de um país deveser comemorada. É uma lição para o mundo e deve fazer a sociedadebrasileira pensar sobre esse assunto”, destacou.