Indústria da soja diz que menos de 1% da Amazônia foi desmatada para o plantio

14/04/2009 - 19h39

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Levantamento feito pela AssociaçãoBrasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove),com a participação de organizações não-governamentais, divulgado hoje (14),mostra que, das áreas monitoradas da Amazônia, menos de 1% foi desmatado para o plantio de soja.Esse monitoramento faz parte da campanha conhecida como moratóriada soja, declarada por produtores e exportadores do grão em2006. Em 2008, o Ministério do Meio Ambiente passou a apoiar ainiciativa. Com a moratória, que funciona como um embargo, indústrias assumiram ocompromisso de não comprar soja de quem desmata áreasna Amazônia, para plantar soja.O levantamento mostra que dos 157 mil  hectaresmonitorados 1,3 mil hectares foram desmatados para plantar soja, oque corresponde a 0,88%. No estudo, três estados – MatoGrosso, Pará e Rondônia – tiveram áreasmonitoras. As áreas escolhidas foram aquelas com mais de100 mil hectares, que foram divididas em polígonos, totalizando630 áreas em 46 municípios.De acordo com o presidente da Abiove, CarloLovatelli, foram encontrados nesses estados 12 polígonos comdesmatamento de soja, sendo que 10 estão em Mato Grosso e doisno Pará. Em Rondônia, não se registrou desmatamento em nenhum dos polígonosmonitorados.Para Lovatelli, o levantamento mostrou que osprodutores de soja estão contribuindo para o não-desmatamento da Amazônia. “Hoje, qualquer produto tem que ternão só a viabilidade econômica, mas tambémser ambientalmente e socialmente correto e sustentável. Essa éa regra do jogo e a demanda dos mercados internacional e nacional vainesse sentido”, afirmou.Questionado se os produtores vão continuarcom a moratória do soja, que está prevista paraterminar em junho deste ano, ele afirmou que a associaçãovê “com com simpatia a continuação damoratória”.O diretor do Greenpeace para a Campanha daAmazônia, Paulo Adário, disse que o resultado nãosurpreendeu. “Iria haver alguma soja plantada na área ealgum desmatamento provocado pelo produtor de soja. A questãocentral é o fato da indústria reiterar que nãovai comprar soja de quem desmatou e plantou soja. Esse é ogrande compromisso”, disse.O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disseque o resultado mostra que a soja deixou de ser um dos grandesresponsáveis pelo desmatamento da Amazônia. “Durantemuitos anos, foi dito que os principais responsáveis pelodesmatamento na Amazônia eram o gado, a madeira e a soja”.“Hoje, a soja deixou de ser um fator determinante para odesmatamento”, completou.Sobre a prorrogação do embargo, o ministro afirmou que “a expectativa é de que elaseja renovada até porque em time que está ganhando nãose mexe”.No monitoramento da campanha de moratória da soja,divulgado ano passado, foram analisados 49,8 mil hectares, totalizando265 polígonos, e não houvedesmatamento nas áreas analisadas.