Frente por um Brasil sem Armas pretende mostrar que proibição do comércio pode diminuir violência

28/07/2005 - 5h58

Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - A Frente Parlamentar por um Brasil sem Armas começa oficialmente a campanha pela proibição da venda de armas de fogo no país na próxima segunda-feira (01), em Campinas (SP). O secretário-geral da frente, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), disse que a primeira grande ação dos deputados e senadores será um showmício no Rio de Janeiro com artistas, intelectuais e políticos favoráveis ao desarmamento, marcado para o dia 11 de agosto. Todos eles defendem o voto sim no referendo de 23 de outubro que pergunta "O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?".

Os membros da frente parlamentar querem explicar aos brasileiros que a venda de armas de fogo é um dos elementos que contribui diretamente para o crescimento da violência no país. "Vamos levar o debate não só a respeito da comercialização de armas ou não. Para que se entenda porque se deve proibir o comércio de armas de fogo e munição, você tem que debater as polícias, a Justiça, a questão prisional", ressaltou Jungmann.

O deputado lembrou que o Brasil é recordista mundial em homicídios por armas de fogo, com 18 milhões de armas espalhadas pelo território nacional - das quais a metade, nove milhões, são ilegais ou irregulares. "Para poder sair dessa situação em que estamos imersos, temos que dar uma resposta como no passado demos nas Diretas Já. Isso só virá numa campanha cívico-educativa, e o referendo é exatamente essa possibilidade", afirmou Jungmann.

O secretário da frente parlamentar adiantou que serão montados comitês em todo o país na defesa do fim da comercialização de armas. Outras estratégias de campanha que serão adotadas pelos membros da frente "Brasil sem Armas" são a produção de cartilhas educativas, e a implantação de uma central de atendimento (0800) para que a população tire dúvidas sobre o referendo e a campanha.

Jungmann admite, no entanto, que os recursos para a campanha pró-desarmamento serão poucos. "Vamos trabalhar em uma campanha enxuta. Vamos realizar showmícios para arrecadar fundos e solicitar que sejam feitas contribuições. Mesmo com pouco dinheiro vamos ter o rádio e a televisão para levar as nossas propostas", disse. O deputado não soube estimar o montante de recursos necessários para os custos da campanha.

O TSE calcula que vai gastar R$ 210 milhões na realização do referendo - o que inclui o recadastramento de eleitores de vários estados brasileiros. "Só com feridos a bala, o Sistema Único de Saúde gasta por ano quase tudo o que vamos gastar nesse referendo, ou seja, R$ 180 milhões", afirmou Jungmann.

A frente por um Brasil sem Armas é presidida pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), e integrada pelos parlamentares Luiz Otávio (PMDB-PA), Gerson Camata (PMDB-ES), César Borges (PFL-BA), Demostenes Torres (PFL-GO), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Aloizio Mercadante (PT-SP), Valmir Amaral (PP-DF), Patrícia Saboya (sem partido-CE), Marcelo Crivella (PL-RJ), Raul Jungmann (PPS-PE), Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP), Maria Lúcia Cardoso (PMDB-MG), Alberto Goldman (PSDB-SP), Jorge Gomes (PSB-PE), ACM Neto (PFL-BA), Fernando Gabeira (PV-RJ), João Fontes (PDT-SE), Luiz Antonio de Medeiros (PL-SP), Renildo Calheiros (PCdoB-PE).