Boa alimentação melhora desempenho escolar

28/05/2004 - 11h18

Cleide Lopes Vieira
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A obesidade deve ser combatida desde a infância para prevenir doenças ainda mais graves. A presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Valéria Guimarães, explica que educar crianças é garantir adultos saudáveis. "Se a gente não prevenir a obesidade agora, essas crianças serão adultos cada vez mais precocemente enfartados, ou diabéticos, custarão muito mais ao Estado, e não estarão sendo produtivos para si próprios e nem para o País".

As Sociedades Brasileira de Endocrinologia, de Pediatria e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade lançaram o projeto Escola Saudável para desenvolver nas crianças hábitos mais saudáveis de alimentação e evitar a obesidade.

Para a escola Universo Infantil, em Brasília, que hoje recebeu das sociedades médicas o certificado de "Escola amiga da Saúde", o alerta veio do lixo gerado pelos seus alunos após o recreio e da constatação do aumento de peso das crianças. Além disso, chamou a atenção o desânimo dos alunos, aliado à queda de produtividade em sala de aula.

A convite do Departamento de nutrição da Universidade de Brasília, a escola implantou no início do ano o programa Escola Saudável.

A coordenadora pedagógica da instituição, Elaine Lacerda, diz que em pouco tempo os resultados são visíveis. "O quadro de obesidade anterior já vem se modificando, associado à mudança de alimentação e à fase de crescimento. O rendimento escolar, sem sombra de dúvidas, apresentou uma diferença muito grande, principalmente na disposição para participar de esportes e brincadeiras que demandam maior gasto de energia. Melhoraram também a atenção e concentração em sala", acrescenta Elaine.

A coordenadora diz que, para mudar um quadro de obesidade de uma criança, é muito importante o comprometimento e a mudança de mentalidade dos pais. "Muitas vezes, aqui na escola, a criança diz: ‘Tia, minha mãe comprou salgadinhos e refrigerante para meu lanche eu é que não quero’", lembra a professora. Quando há um apoio familiar, além de ser mais fácil a mudança de hábitos alimentares, é mais rápida a questão da perda de peso.

Aline, de seis anos, estuda na escola Universo Infantil. Ela aprendeu direitinho a lição de casa e sabe que alimentos mais naturais e menos calóricos fazem bem à saúde. "Antes eu só comia salgadinho e pitchulinha, agora eu só como alimentos saudáveis para ter energia e não ficar fraca", ensina a menina.

O projeto Escola Saudável já foi testado em 40 escolas de Recife com bons resultados, mas a intenção das sociedades médicas é de que ele seja implantado em todas as escolas do país.