Ginástica artística ganha em Santo Domingo mais medalhas do que em toda sua história no Pan

06/08/2003 - 16h12

Santo Domingo, 6/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - Em três dias de competição nos jogos Pan-Americanos, a delegação brasileira de ginástica artística ganhou cinco medalhas de prata e cinco de bronze. O desempenho ficará marcado na história pelo número recorde de pódios. Só na República Dominicana, o Brasil conquistou mais medalhas do que nas 13 edições anteriores do Pan (nove no total). Os destaques foram a inédita prata por equipe masculina e o bronze no individual geral feminino, com Daniele Hypólito. "O Pan de Santo Domingo já reflete os benefícios que a Lei Agnelo Piva trouxe para a ginástica. É um divisor de águas", comemora a presidente da Confederação Brasileira de Ginástica, Vicélia Florenzano.

Até o Pan de Winnipeg 99, a preparação das equipes não era constante. Em março do ano passado, com o time feminino, e em fevereiro deste ano, com o masculino, foram criadas as Equipes Olímpicas Permanentes, concentradas em Curitiba e utilizando os recursos da Lei Agnelo/Piva. "Foi a grande virada da ginástica artística brasileira. A criação das duas equipes, nos mesmos moldes da maioria dos países, possibilitou essa evolução que foi mostrada no Pan de Santo Domingo", explicou Eliane Martins, chefe da equipe feminina, destacando a importância dos técnicos ucranianos Iryna Ilyashenko e Oleg Ostapenko. "Ela implementou em 99 uma filosofia de trabalho e arrumou o caminho para a chegada dele, há dois anos".

O que se viu no Pan 2003 foi o surgimento de um grupo. No feminino, Daniele Hypólito ainda é o principal nome, mas já há outras ginastas para tirar de seus ombros toda a responsabilidade. "Tanto o masculino quanto o feminino saem de cabeça erguida pelo que fizeram em Santo Domingo. Foi a vitória da ginástica brasileira. Comprovamos nossa evolução", afirmou Daniele, que conquistou duas medalhas de bronze (equipe e individual geral) e duas de prata (nas finais das paralelas e na trave).

Na noite de terça-feira (5), reunidos num jantar de comemoração, em Santo Domingo, atletas, técnicos e Vicélia Florenzano prestaram uma homenagem ao ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, co-autor da Lei Agnelo Piva. "É um privilégio poder constatar aqui os primeiros benefícios da lei para o desenvolvimento do nosso esporte", afirmou Agnelo. O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman também não poupou elogios aos atletas. "Costumo dizer que a maturidade de um esporte é alcançada num ciclo de oito a 12 anos. Vocês, aqui em Santo Domingo, passaram com louvor neste primeiro vestibular e estão agora num novo patamar".

A evolução da ginástica masculina foi marcante. O objetivo da Confederação Brasileira de Ginástica era lutar pelo quarto lugar na competição por equipes e conseguir ao menos uma medalha de bronze nas finais por aparelhos - em Winnipeg, a ginástica masculina não havia subido ao pódio. Para surpresa de todos, foram conquistadas em Santo Domingo três pratas: a primeira delas na equipe (superando o bronze de San Juan 79 e Indianápolis 87) e as outras duas com Diego Hypolito, na final do salto, e Michel Conceição, na final do solo. Michel ainda garantiu o bronze no salto e Mosiah Rodrigues obteve dois outros bronzes, no cavalo com alças e na barra fixa.

"Nossas notas melhoraram muito em relação aos outros Jogos Pan-Americanos. Sabíamos que havíamos evoluído, mas não tínhamos idéia de quanto. Nossos colegas vieram nos procurar para saber o que está sendo feito no Brasil. Sempre digo que a criação da nossa Equipe Olímpica Permanente impulsionou essa transformação e impediu que atletas como Mosiah Rodrigues e o Michel Conceição largassem o esporte depois do Mundial. Serviu de incentivo para todos", ressaltou Leonardo Finco, treinador da equipe masculina.

O próximo objetivo da ginástica brasileira é o Mundial de Anaheim, nos Estados Unidos, a partir do dia 17. As ginastas deixaram Santo Domingo na madrugada desta quarta-feira (6), de olho na competição que classificará para os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. A grande luta das meninas será a de garantir a vaga para a equipe completa, algo inédito. Já os meninos tentarão obter ao menos duas vagas no individual. A última participação do país no masculino foi em Barcelona, em 92, com Marco Monteiro. "Todos estão bem preparados para o Mundial. Após uma competição como o Pan há uma queda natural de rendimento. Antecipamos e treinamos para que isso não aconteça", explicou Eliane Martins.

PRATA

Ginástica Artística
Paralelas individual fem - Daniele Hypólito
Trave individual fem - Daniele Hypólito
Salto individual mas - Diego Hypólito
Solo individual mas - Michel Conceição
Equipe mas - Danilo Nogueira, Diego Hypólito, Michel Conceição, Mosiah Rodrigues, Victor Rosa e Vitor Camargo

BRONZE

Ginástica Artística
Equipe fem - Ana Paula Rodrigues, Camila Comin, Caroline Molinari, Daiane dos Santos, Daniele Hypólito e Laís Souza
Salto individual mas - Michel Conceição
Barra - Mosiah Rodrigues
Cavalo - Mosiah Rodrigues
Individual geral fem - Daniele Hypólito