Ruth Cardoso diz que programas do Comunidade Solidária continuam no próximo governo

05/12/2002 - 13h05

Brasília, 5/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - A presidente do Conselho do Comunidade Solidária, Ruth Cardoso, apresentou hoje um balanço dos trabalhos desenvolvidos pelo programa nos últimos oito anos. Ela falou sobre as realizações dos programas Universidade Solidária; Capacitação Solidária; Alfabetização Solidária; Artesanato Solidário e Comunidade Ativa. Abordou também as atividades do Projeto Rede Jovem, do Programa Voluntário e do programa de Rede de Informações para o Terceiro Setor (RITS).

A antropóloga Ruth Cardoso informou que os programas vão continuar nos próximos anos, independentemente da mudança de governo, porque criaram autonomia. Segundo Ruth Cardoso, os programas serão conduzidos por organizações não-governamentais (ONG), vinculadas a uma nova entidade, Comunitas, que será presidida por ela e terá sede no Rio de Janeiro.

"Essas publicações apresentadas hoje procuram refletir um balanço do trabalho já realizado. Foi com essas idéias de parceria descentralizada que começamos a trabalhar", frisou a antropóloga. Ruth Cardoso lembrou que, no início, em 1995, foi difícil, mas que, por intermédio dos novos parceiros e do esforço de cada pessoa envolvida com os programas, foi possível estar presente em todo o país, principalmente, nas cidades mais carentes.

Ela enfatizou que o mais importante de todo o trabalho desenvolvido foi o capital humano que se envolveu com os programas. "São números que surpreendem pelas parcelas e impressionam pela soma", disse a antropóloga, ao apresentar o número de pessoas envolvidas com as atividades e de beneficiadas por cada programa.

Nesse período, foram três milhões de pessoas alfabetizadas nos municípios mais pobres do país; 135 mil agentes alfabetizadores atuando como agentes de desenvolvimento local; 114 mil jovens em situação de risco treinados para o mercado de trabalho; 17 mil universitários e professores trabalhando em projetos sociais; 300 universidades colaborando em rede e centenas de empresas e prefeituras como parceiros, além de 76 associações de artesãos, revitalizando o artesanato tradicional e local e mais 45 centros de voluntariado.

Sobre o Comunitas, Ruth Cardoso explicou que será uma rede informatizada e virtual e que cada programa integrado terá autonomia e seguirá os trabalhos. Embora autônomos, os programas dependam de recursos do governo, mas, principalmente, trabalham com verbas de parceiros privados. Ruth Cardoso esclareceu que, no desenho original, o Programa Comunidade Solidária consistia em duas instâncias: uma, vinculada à Secretaria-Executiva, subordinada à Casa Civil da Presidência da República, encarregada de coordenar as ações governamentais de combate à fome e à pobreza, e outra, um Conselho consultivo, presidido por ela e formado por vários ministros e representantes da sociedade civil, com a missão de propor e opinar sobre as ações prioritárias na área social.

Ela lembrou que sobre o programa ligado diretamente ao governo, não saberia dizer qual será seu destino, mas ressaltou que é um conselho criado pelo governo, que deverá dar o caráter que lhe parecer mais conveniente. Ruth Cardoso disse também a política do próximo governo é "é do próximo governo". Ela informou que já recebeu um telefonema de representantes do Governo Lula procurando mais detalhes sobre o funcionamento do programa Comunidade Solidária.

Ruth Cardoso discorda das críticas feitas ao atual governo, segundo as quais não houve grandes avanços na questão da fome no país. "São críticas infundadas, pois os números estão no site do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que também fala do aumento de verbas dedicadas a área social como um todo", concluiu.