Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O casal Haroldo Lucena e Mariselma da Silva tem filhos gêmeos, um menino e uma menina de 1 ano e cinco meses. A menina Ruhama nasceu com má-formação, enquanto Amin Mateus não tem problema algum. Hoje (27), eles conseguiram a bênção do papa Francisco, quando ele deixava a Catedral do Rio. O santo padre celebrou uma missa para bispos, sacerdotes e religiosos que participam da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Depois da bênção, o papa deu quatro terços para Haroldo, Mariselma e os filhos.
Para o casal, a bênção do papa foi uma emoção muito grande, mas de acordo com Lucena, o encontro teve o objetivo de pedir a interferência do pontífice para que a presidenta Dilma Rousseff vete o projeto de lei que permite o aborto de fetos com má-formação ou sem cérebro – os anencéfalos.
“Essa criança está com um ano e cinco meses e os dois são gêmeos da mesma placenta. Pela interseção do beato João Paulo II é que essa criança está aqui. Nossa finalidade de ter saído do Rio Grande do Norte até aqui é só para pedir à presidenta que não assine [o projeto de] lei. Mais nada nos interessa”, comentou.
Tramita no Senado o projeto que define regras para o novo Código Penal Brasileiro. O PLS 236/2012 prevê, entre outras ações, o aborto em casos de anecefalia ou má-formação do feto, atestadas por dois médicos.
A família foi para Aparecida, em São Paulo, na tentativa de ter um contato com o papa na quarta-feira (24). Segundo a mãe das crianças, os quatro só chegaram quando a missa na basílica da padroeira do Brasil já tinha acabado. “Fomos até Aparecida só que quando chegamos lá a missa tinha terminado e não deu tempo de chegar até ele. Ficamos tristes, mas o padre Pedro nos ajudou e trouxe a gente para cá.”
O diretor dos Eventos Pró-vida e Pró-Família Nacional, da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro Lago Azul, de Novo Gama, em Goiás, padre Pedro Stepien, foi quem ajudou o casal a chegar até o papa. Ele informou que manteve contatos com representantes da Igreja no Rio para conseguir o encontro.
O padre disse que, como voluntário, acompanha o processo legislativo no Congresso Nacional sobre leis que tratam do tema. De acordo com o religioso polonês, a luta é contra o PLC 03/2013, que segundo ele, considera o aborto profilaxia da gravidez. O texto, aprovado no Congresso, aguarda até quinta-feira (1º) sanção ou veto da presidenta. “Isso é abominável. A Constituição garante a inviolabilidade da vida humana”, esclareceu.
A norma obriga os hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) a prestar atendimento emergencial e multidisciplinar às vítimas de violência sexual. O texto diz que o atendimento deverá incluir o diagnóstico e tratamento de lesões, a realização de exames para doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. Prevê também a preservação de materiais que possam ser coletados no exame médico legal.
Depois do encontro com o papa a família foi cercada por vários religiosos. A madre Maria Teresa do Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição da Ajuda, de Vila Isabel, zona norte do Rio, pegou a menina no colo e a abençoou. “É o milagre da vida”, disse.
Edição: Talita Cavalcante//Matéria alterada na segunda-feira (29) às 12h57 para esclarecer informação de que o projeto referente ao aborto de fetos com má-formação tramita no Senado, e não foi aprovado no Congresso como dito anteriormente.
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