Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A ausência do secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, na audiência pública para discutir a violência contra jovens negros, causou um protesto que impediu que a audiência ocorresse na noite de hoje (19) na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, na capital paulista.
Eduardo Dias, assessor do secretário, compareceu como representante, mas foi impedido de falar pelos movimentos sociais presentes à reunião. Depois, os manifestantes seguiram em passeata para a Secretaria de Segurança Pública. Ao chegar ao prédio, ao lado da faculdade, o grupo ocupou o saguão da secretaria, onde ficou durante alguns minutos. Viaturas da Polícia Militar (PM) estacionaram em frente ao edifício, mas os policiais não se aproximaram dos manifestantes, que deixaram o local pacificamente.
Dias justificou a ausência de Grella explicando que o secretário precisou participar de uma reunião com o comando da Polícia Militar. “Neste exato momento ele está reunido com o comando da PM, com todos os delegados de polícia, desde as 13h. Eu vim para cá”, disse. Dias acrescentou que tentou entrar em contato com as entidades reunidas no Comitê contra o Genocídio da Juventude Negra para avisar que o secretário não compareceria à audiência. Segundo ele, a comunicação com os movimentos é difícil e o secretário tinha se prontificado a marcar outra data para o encontro.
Os integrantes dos movimentos sociais se irritaram com a ausência de Grella, que foi interpretada como um descaso. “Isso é uma demonstração de falta de respeito com os movimentos sociais”, disse o representante do Grupo Tortura Nunca Mais, Chico Bezerra.
As entidades cobram a diminuição da violência policial e a investigação das denúncias do envolvimento de policiais em grupos de extermínio. “É fato que grupos de extermínio têm assombrado as periferias há algum tempo, e o governo do estado de São Paulo nada tem feito para apurar tal situação”, de acordo com comunicado divulgado durante a audiência. O texto pede ainda uma explicação para a morte de cinco jovens no último dia 26, em Guarulhos, na Grande São Paulo. “Sem motivo aparente, cinco jovens foram executados e um alvejado, em uma ação típica de grupos de extermínio”, diz o documento.
Edição: Aécio Amado
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