Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O brasileiro não tem muita cultura de segurança, disse hoje (19) o gerente técnico de Segurança da Aviação, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Luiz Gustavo Silva Cavallari, ao participar de um encontro organizado pelo Total Airport Security System (Tass) com apoio da Anac e da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
Segundo ele, o brasileiro entende que não precisa passar por um sistema rígido de segurança nos aeroportos e costuma reclamar quando o procedimento é mais severo. “Ele entende que é idôneo e não precisa passar por nenhum tipo de procedimento.Quando vê algo errado, acha que não precisa passar por isso, mas para outros sim. Não aponta o que está errado. Reclama mais da inspeção rigorosa”, disse. Cavallari acredita que esse comportamento tende a acabar com o tempo, na medida em que o brasileiro identificar que a inspeção rigorosa traz mais segurança. Para Cavallari. esse é um dos desafios na área de segurança que precisam ser ultrapassados.
O evento sobre segurança aeroportuária ocorreu no Aeroporto Internacional Galeão-Tom Jobim, na Ilha do Governador, subúrbio do Rio, e foram discutidos os programas de segurança com vistas à preparação dos aeroportos brasileiros para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
O gerente de Segurança da Aviação lembrou que por causa da diferença nos tamanhos dos aeroportos do Brasil é necessário ter sistemas de inspeção de bagagens diferentes. “Enquanto um aeroporto como o Internacional Tom Jobim pode usar um tomógrafo, um aeroporto pequeno pode fazer de maneira manual abrindo as bagagens. Tem essa flexibilização dentro das normas da Anac”, explicou.
Na área de regulação, de acordo com Cavallari, o desafio é agir com base em três aspectos: segurança, facilitação e economia. Segundo ele, as inspeções não podem provocar o crescimento no tamanho das filas de passageiros e nem aumentar os custos.
O Tass é um programa de sistema de inteligência de informação sobre segurança aeroportuária. Ele foi desenvolvido por um consórcio de empresas e entidades da Grécia, Inglaterra e Espanha, entre outros países, e tem apoio financeiro da União Europeia. O gerente da Anac reconheceu que o programa pode ajudar na área de supervisão da segurança. “Não adianta ter pessoal treinado e não ter supervisão de que aquilo está sendo cumprido. O guarda não estar no lugar que tem que ficar”, exemplificou.
Durante o encontro, foi apresentado o projeto Crisis, também financiado pela União Europeia, que analisa cenários em situações normais e em eventos inesperados, como incêndios ou fatos climáticos, entre outros, fazendo simulações para definir formas de ação. O responsável pelos Serviços de Emergência do Aeroporto de Lisboa, Ricardo Patela, informou que o programa está em funcionamento no terminal há seis meses e em países como a Holanda, Islândia. De acordo com ele, ferrovias na Grã Bretanha também utilizam o software.
“Podemos, por exemplo, modelar a cidade do Rio de Janeiro. Conseguimos colocar vários eventos e acidentes, e planejar o que deve ser feito pelos diversos agentes como polícia e bombeiros. Ter disponibilidade dos meios, áreas de combate a incêndio, áreas para feridos, podemos calcular o tempo de deslocamento e conseguimos simular a realidade dentro do computador”, ressaltou. De acordo com Patela, outros países da Europa demonstraram interesse no projeto que pode ter uma boa aplicação no Brasil. “Estamos aqui para lançar esta pedra. Gostaríamos de ter parceiros no Brasil, até porque falamos a mesma língua”, completou.
Edição: Aécio Amado
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