Renata Giraldi e Carolina Gonçalves
Enviadas Especiais
Rio de Janeiro – A presidenta Dilma Rousseff deve desembarcar agora de manhã no Rio, depois de passar os últimos dois dias na Cúpula do G20, no México. Ela passa a manhã no hotel em despachos internos e depois almoça com o presidente da França, François Hollande. À tarde, a presidenta abre oficialmente a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e tem mais duas reuniões bilaterais.
Inicialmente, Dilma pretende se reunir em audiências privadas com oito a dez chefes de Estado e Governo. À tarde, ela conversa com os presidentes do Senegal, Macky Sall, e da Nigéria, Goodluck Jonathan. Há ainda a previsão de reuniões com os primeiros-ministros da China, Wen Jiabao, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. A agenda dela ainda está sendo fechada, segundo assessores.
Em sua primeira visita ao Brasil como presidente eleito, Hollande, que é defensor das discussões sobre desenvolvimento sustentável, também pretende tratar com Dilma da venda dos 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB). A francesa Dassault, fabricante do Rafale, a sueca Saab, que fabrica o Gripen, e a norte-americana Boeing, do F-18 Super Hornet, disputam a venda.
Com os africanos, a presidenta deve conversar sobre as possibilidades de ampliação de parcerias e cooperação com o Senegal e a Nigéria. A África ganhou destaque no documento preliminar da Rio+20. Em vários parágrafos, os representantes dos 193 países se comprometem a consolidar esforços para garantir a melhoria da qualidade de vida no continente africano.
Com a Turquia, o Brasil tem uma relação estreita que abrange várias negociações no Oriente Médio. Um dos temas da reunião de Dilma com Erdogan deve ser o agravamento da crise na Síria, que já dura mais de 15 meses e matou pelo menos 12 mil pessoas. Os turcos, diferentemente de nações vizinhas à Síria, cobraram ações mais concretas do presidente sírio, Bashar Al Assad, e condenaram a violação de direitos humanos na região.
Na conversa com Jiabao, Dilma deverá reforçar a atuação do Brics (grupo formado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul) além de temas bilaterais, pois atualmente os chineses são os principais parceiros do Brasil. No mês passado, Jiabao disse à presidenta que a China quer ampliar e aprofundar as relações com a América Latina. A China superou os Estados Unidos em 2009, tornando-se a principal parceira comercial do Brasil.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, também pediu audiência, mas ainda não há confirmação. A presença de Ahmadinejad no Rio gerou, no dia 17, protestos de manifestantes. Para eles, o iraniano prega um discurso de discriminação. Mas o Brasil é apontado pelos iranianos como parceiro diferenciado.
O apreço do Irã pelo Brasil foi motivado pelo esforço do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em tentar negociar o fim das resistências internacionais aos iranianos. Ele foi um dos mediadores do acordo de paz, que foi rejeitado pela comunidade internacional. As negociações foram conduzidas pelo Brasil e pela Turquia. Nos últimos anos, os iranianos são alvo de sanções internacionais por suspeitas em seu programa nuclear.
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Edição: Graça Adjuto