Renata Giraldi e Vitor Abdala
Repórteres da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Em posição contrária à adotada pela maioria dos negociadores da União Europeia (UE) na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, o presidente da França, François Hollande, defendeu hoje (20) mais financiamentos para as propostas que estão no documento final. Hollande se disse decepcionado com o resultado das negociações e prometeu que o governo francês tentará um fundo próprio para garantir as ações de desenvolvimento sustentável.
“Sempre há um pouco de decepção. Mas se eu vim aqui é porque quero falar da minha esperança”, disse Hollande em entrevista coletiva. Depois, ao discursar para os chefes de Estado e Governo, ele suavizou o tom da crítica. “Os resultados significativos ainda estão aquém das responsabilidades e expectativas.”
Ao ser perguntado como avalia o resultado das negociações que levaram ao texto do documento final, o presidente francês disse que “o copo pode ser considerado metade cheio e metade vazio. A ideia é progredir. Não podemos ocultar o que não está no texto”.
Para Hollande, é fundamental não só apontar, de forma clara e objetiva, os meios de financiamentos para as ações, como também criar um organismo independente e autônomo, integrando o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Um dos discursos mais esperados do dia, o presidente francês indicou que pretende ser exemplo na proteção ambiental e desenvolvimento sustentável.
“A França deve mostrar o exemplo. Gostaria de adotar compromissos em nome da França, favorecendo os debates da declaração final, gostaria também de contar com a boa vontade de todos os países”, disse Hollande, lembrando que houve avanços nas propostas de fortalecimento do Pnuma, da preservação dos oceanos e nos debates sobre economia verde, além da erradicação da pobreza e da fome.
Hollande apelou para que todos contribuam nos esforços para o desenvolvimento sustentável com inclusão social e combate à pobreza. “Temos que lutar conjuntamente. Do contrário, perderemos todos. Não podemos fomentar a divisão Norte-Sul [ricos e pobres]. O desenvolvimento sustentável é causa planetária. É uma questão vital para todo o mundo. Não pode ser Norte contra Sul ou Ocidente contra Oriente”, disse.
O presidente da França ressaltou ainda que os impactos da crise econômica internacional não podem afetar as propostas e os compromissos para o desenvolvimento sustentável. Segundo ele, seu esforço será para taxar os impostos de transações internacionais para financiar um fundo que será destinado a manter os projetos relativos ao desenvolvimento sustentável.
“Evidentemente, existe crise na Europa. Se não dermos os financiamentos, não atingiremos os objetivos”, observou. “A França quer instituir, com os que desejarem, um imposto sobre transações financeiras. Uma parte dessas receitas será dedicada ao desenvolvimento sustentável”, acrescentou. “O desenvolvimento sustentável não é entrave, é oportunidade.”
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Edição: Lana Cristina