Elaine Patricia Cruz e Daniel Mello
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo - Já faltam combustíveis em vários postos da cidade de São Paulo. A paralisação dos distribuidores de combustíveis que começou ontem (5), com a restrição de horários de circulação de caminhões na cidade, provocou movimento acima do normal nos postos e afetou o abastecimento de combustível da capital.
“Hoje têm muitos postos parados e a maioria, quase 100% deles, com problemas em algum tipo de combustível. Às vezes tem gasolina, mas não tem etanol. Tem etanol, mas não tem gasolina. E às vezes não tem nem diesel”, disse José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), em entrevista à TV Brasil.
Segundo ele, caso não ocorram abastecimentos nestes postos entre hoje e amanhã, “com certeza, todos os postos deverão estar secos [até amanhã]”.
Os caminhoneiros protestam contra a proibição de circular na Marginal Tietê e em outras vias da cidade. A medida foi implantada em dezembro do ano passado, mas apenas com caráter educativo até ontem (5), quando a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) começou a multar os infratores.
A marginal foi incluída na zona onde os veículos pesados de carga não podem trafegar das 5h às 9h e das 17h às 22h de segunda a sexta-feira. Nos sábados a interdição é das 10h às 14h.
“Desde 27 de dezembro, estamos conversando com o prefeito e outros sindicatos para discutir essa questão do rodízio que vem prejudicando demais o caminhoneiro autônomo, em especial, o de carga liquida, que sofre restrição maior”, disse Bernabé Rodrigues Gastão, presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviário de Empresas Liquidas e Corrosivas do Estado de São Paulo (Sinditanque).
Os problemas da restrição, disse Gastão, é que o frete encarece, o caminhoneiro autônomo fica sem poder trabalhar e, tendo que substituir os caminhões maiores por menores, que não sofrem restrição de circulação, o congestionamento e a poluição na cidade se tornam ainda maiores. “Se o frete de uma carreta de 30 toneladas custava R$ 500 e ela é proibida de circular, colocam-se 20 veículos menores (para substituir a carreta). A R$ 200 cada um (dos veículos menores), multiplicando-se isto por 20, para quanto foi esse frete?”, disse ele, lembrando que esse valor será embutido no preço final ao consumidor.
Por meio de nota à imprensa, a Secretaria Municipal de Transportes disse “repudiar veementemente o movimento de greve de sindicatos ligados ao setor de transportes que visa a prejudicar o abastecimento de combustível na cidade”. A secretaria informou que está em contato com as distribuidoras de combustíveis para encontrar alternativas para normalizar o abastecimento na capital e que encaminhou um pedido à Polícia Militar para reforçar a segurança dos caminhoneiros que querem manter o fornecimento do produto.
Segundo a prefeitura e sindicatos, ainda não há previsão de uma nova reunião entre os órgãos para resolver o impasse.
Edição: Rivadavia Severo