Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Os consumidores paulistanos reclamaram da falta de combustíveis e da alta do preço hoje (6). A greve dos caminhoneiros que distribuem combustíveis fez muitos consumidores correram aos postos para encher o tanque.
“Falei com meu pai agora e ele me disse para abastecer porque está faltando combustível. Só que o primeiro posto em que eu parei me cobrou R$ 3,60 o litro da gasolina aditivada, porque não tinha a comum”, reclamou o empresário Ricardo Nascimento, que costuma pagar R$ 2,90 o litro.
Sindicalistas e donos de postos dizem que os preços não devem subir por causa da falta de combustível nas bombas.
O presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviário de Empresas Liquidas e Corrosivas do Estado de São Paulo (Sinditanque), Bernabé Rodrigues Gastão, disse à Agência Brasil que o aumento no preço “não se justifica”. O dono do Auto Posto Satomi, Salvador Caetano, também disse não haver justificativa para o aumento no preço da bomba. “Não acredito [em aumento do preço]. Os preços já vem sendo aplicados há muitos meses e estão estáveis junto à economia.
Por meio de nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro) disse ter conhecimento sobre o aumento de preços na venda dos combustíveis “muito acima do normal e razoável”. “Esclarecemos que aumentos abusivos de preços em razão desse tipo de situação pode caracterizar, segundo a legislação brasileira, crime contra a ordem econômica e as relações de consumo. Fique atento para não ter problemas”, alertou o sindicato.
O desabastecimento atrapalhou o motorista Josenildo de Melo Silva que rodou a cidade para encontrar gasolina. “Dependo da gasolina. Já rodei por uns dez postos hoje. Só nesse [na Rua Guaipá] consegui [encontrar] gasolina comum”, disse ele à Agência Brasil. Para ele, a paralisação dos caminhoneiros em protesto contra as restrições de circulação na Marginal Tietê e em outras vias da cidade, está provocando um sério problema na cidade. “É um caos. Vamos ficar sem transporte, sem trabalho, sem comer, sem nada”.
Outro que também rodou por dez postos até encontrar gasolina ou álcool para abastecer seu carro foi o comerciante Tiago Mora. “Tem posto em que eu fui que está até fechado. Nem funcionando mais estava. Dependo do carro para trabalhar. Sem combustível, não trabalho”, disse ele. Hoje ele encheu o tanque do seu carro. “Completei o tanque, mas em uns três dias acaba”.
A Agência Brasil percorreu na tarde de hoje 11 postos de combustível localizados na Lapa e na Vila Leopoldina, na zona oeste da capital. Constatamos falta de gasolina, principalmente a comum, em quase todos. Somente em dois postos havia todos os combustíveis, mas os frentistas não sabiam informar até quando eles estariam disponíveis.
Em um deles, só restava diesel. “Está faltando combustível. Estou sem gasolina comum, álcool e sem gasolina aditivada. Só tenho diesel no tanque. Estou desde às 14h sem produto”, disse Márcio Latuf, dono do Posto Martinelli. Segundo ele, a paralisação está afetando seu faturamento. “Já estou com meio dia de faturamento perdido. Você vê os clientes entrando, tentando abastecer, eu não tenho o produto para vender, o caminhão está parado e não consegue carregar, estou sem combustível e não tenho alternativa. Estou aguardando alguém tomar alguma atitude para parar de prejudicar a população e a gente, em específico”.
Os donos dos postos dizem não ter previsão de quando a situação será normalizada. Assim como Latuf, o dono do Auto Posto Satomi, Salvador Caetano, também reclamou da falta de entendimento entre sindicatos e prefeitura que estão afetando o abastecimento na cidade e que deixaram seu posto sem gasolina hoje. “Hoje é o segundo dia de paralisação. Tínhamos pedidos de combustível para ontem e hoje. Não recebemos e não há previsão para se normalizar a situação amanhã”, disse Caetano. “Isso [desabastecimento] afeta nossa imagem, principalmente, e também o lucro”.
Segundo o frentista Riccelli Ikehara, do Auto Posto Imperatriz, o movimento hoje “foi maior do que o normal para uma terça-feira”. Por volta das 15h30, já não havia gasolina comum e aditivada no posto e o álcool também estava próximo do fim.
O taxista Osvaldo Luiz Viola reclamou da falta de combustível. “Quero deixar pelo menos o tanque cheio para poder trabalhar”, disse ele, enquanto abastecia o carro. “Tive que colocar etanol porque aqui não tem mais gasolina, nem comum nem aditivada”.
Outra preocupação dos consumidores é com relação ao transporte público. “Greve atrapalha porque o transporte público pode ficar sobrecarregado e os ônibus também dependem de diesel e podem não funcionar”, disse o cabeleireiro Robson Bertaglia.
Edição: Rivadavia Severo