Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os senadores governistas e oposicionistas receberam bem a indicação de Ideli Salvatti para comandar a Secretaria de Relações Institucionais. Na avaliação da base aliada, Ideli, que até hoje comandava o Ministério da Pesca e Aquicultura, tem como marca principal a lealdade ao PT e a proximidade com os aliados.
“Ela foi muito correta com o ex-presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva] e o defendeu com veemência. Ela tem uma característica boa, que é ser parceira dos aliados. Aliás, característica boa para quem vai assumir o cargo [de ministra das Relações Institucionais]”, afirmou o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).
O líder do PTB, Gim Argello (DF), chamou a ministra de “aguerrida” e negou que tal característica possa causar problemas na relação do governo com o Congresso. “Tenho certeza que a Ideli vai unir a base [aliada]. É uma pessoa muito aguerrida, muito determinada Ela, pelo jeito de ser, vai melhorar muito a articulação [política].”
O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) acredita que a experiência da ex-senadora como líder do governo no Congresso vai ajudá-la na nova tarefa. “Ela foi líder do governo em um momento em que a correlação de forças era difícil e exerceu muito bem a função.”
O líder do DEM, senador Demóstenes Torres (GO), também considerou boa a escolha de Ideli para a Secretaria de Relações Institucionais, apesar da fama de truculenta que ela ganhou na época em que assumiu a liderança do governo no Senado. “Prefiro os autênticos aos dissimulados”, afirmou o oposicionista.
Para ele, as duas novas ministras da presidenta Dilma Rousseff indicam que o governo está criando uma linha própria.“É uma linha mais rigorosa, mais dura, mais de imposição. Mas, tanto a Ideli quanto a Gleisi [Hoffmann, nova ministra da Casa Civil] vieram do Congresso. Então, espero que haja mais espaço para o diálogo”, afirmou o senador.
A escolha da presidenta Dilma Rousseff não recebeu apenas elogios. Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), o ministério que será ocupado por Ideli serve apenas para atender à base aliada do governo. “Esse ministério, embora tenha nome pomposo, cuida apenas da fisiologia do governo.”
Para Dias, a troca de lugar entre Ideli e Luiz Sérgio, que assumiu o Ministério da Pesca e Aquicultura, demonstra isso. “O ministério da Pesca é um encosto, um prêmio de consolação, como vários desses ministérios que foram criados para atender aos aliados do governo.”.
O líder tucano lembrou ainda que o verdadeiro articulador político do governo deve ser a própria Dilma. “O ex-presidente Lula, em todos os momentos cruciais, articulou pessoalmente. Agora, em um momento difícil, a presidente [Dilma] não pode transferir a responsabilidade.” Para ele, há uma crise no governo e outras mudanças no governo ainda podem ocorrer.
Edição: João Carlos Rodrigues