Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O drama vivido pelos proprietários rurais de Teresópolis - que viram suas terras se transformarem em montes de lama e pedras com as chuvas fortes que há um mês castigaram a região serrana do Rio - também se reflete nos trabalhadores rurais, que podem perder seus empregos e acabar passando necessidades e fome.
A denúncia é do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Teresópolis, que estima em cerca de 20 mil o número de pessoas que dependem dos serviços oferecidos no meio rural para se sustentar.
“A situação dos trabalhadores é calamitosa. Ainda há locais sem acesso, não temos como escoar o que já estava produzido. Estamos perdendo o que poderia gerar alguma renda. Em algumas localidades é perda total do solo. Ficou inviável até a entrada de tratores. Estamos querendo produzir, mas não tem como. Não tem recurso, não tem terra”, denunciou o secretário-geral do sindicato, Edson Cipriano dos Santos.
Segundo ele, que participou ontem (11) de audiência na região com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, foi pedida a interferência urgente do governo federal para destinar recursos, inclusive a fundo perdido, com objetivo de evitar um ciclo de miséria na área rural.
“Estamos pedindo recursos imediatos, a fundo perdido. Se o dono da terra não tiver receita para pagar o salário de seus funcionários, vai acabar demitindo. E como a geração de renda da região serrana é a agricultura, sem isso nenhum comércio vai sobreviver”, disse o sindicalista, que também faz parte da diretoria da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio de Janeiro.
Edson contou que em algumas localidades mais afetadas de Teresópolis, como Vieiras, Bonsucesso e Motas, só não está faltando comida para as famílias de agricultores porque ainda estão chegando doações.
“Isso [falta de comida] só não está acontecendo porque a solidariedade está conseguindo superar. Os trabalhadores estão desamparados por completo. Se o governo não fizer alguma coisa de imediato, eles vão passar fome”, disse emocionado.
Edição: Andréa Quintiere