Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Um mês depois da tragédia que abalou a economia local, baseada na indústria de confecção e moda íntima, o município de Nova Friburgo, na região serrana fluminense, enfrenta um novo problema: o êxodo de mão de obra.
Segundo a presidenta do Conselho de Desenvolvimento da Moda do Polo de Moda Íntima de Nova Friburgo e Região, Nelci Layola, as demissões na região são voluntárias e ocorrem em função da catástrofe. “Todas as fábricas estão demitindo”. O problema se agrava porque a maioria das confecções funcionava em instalações no centro da cidade, devastado pelas chuvas de janeiro.
“As pessoas, em sua grande maioria, estão indo embora para outros municípios e lugares mais afastados”. Nelci lembrou que, devido à catástrofe, todas as indústrias da região se comprometeram a não dispensar pessoal. “Mesmo que a situação da fábrica fosse grave, o compromisso foi segurar a folha de pagamento, porque as pessoas já foram prejudicadas”, destacou. “Então, todas as demissões que aconteceram foram voluntárias, o próprio funcionário quis sair”, completou.
Outro fator que está agrava o problema de perda de mão de obra é a falta de imóveis para alugar, de acordo com Nelci. Muitas empresas que foram atingidas pela tragédia ainda não conseguiram retornar à atividade. Outras enfrentam a falta de compradores. Segundo a presidenta, os atacadistas da região não estão retornando à cidade para fazer negócios.
O comércio interno, porém, já voltou ao normal. “Não o comércio de confecções, que depende de as pessoas virem de fora para comprar”. Ela acredita que esse processo ainda deve se estender por um tempo.
O Polo de Moda Íntima de Nova Friburgo e Região ainda não dispõe de dados estatísticos sobre os resultados alcançados em 2010, quando houve falta de mão de obra para atender o volume de pedidos. Nelci Layola não tem dúvidas, porém, de que houve crescimento em comparação a 2009. “Um fator que define se o setor está bem é a falta de mão de obra. Só o fato de que estava faltando mão de obra significava que o setor estava indo muito bem.”
A presidente do Conselho de Desenvolvimento da Moda destacou a necessidade de as pessoas voltarem a comprar no município. “É preciso que as pessoas saibam que Nova Friburgo já está funcionando, apesar disso tudo [o prejuízo provocado pela chuva] ter acontecido”.
A expectativa no longo prazo é de recuperação da produção industrial. “Está todo mundo aqui confiante de que vai retomar, sim, e com força total”. Ela acredita também que a catástrofe ocorrida na região vai dar “uma sacudida” nos empresários para procurar novos mercados de exportação dos produtos locais. “Espero que isso daí, de alguma forma, possa ser positivo no futuro”.
O Polo de Moda Íntima de Nova Friburgo e Região é composto atualmente pelas cidades de Nova Friburgo, Bom Jardim, Cordeiro, Cantagalo e Duas Barras. O polo respondia por 25% do mercado brasileiro de moda íntima, gerando em torno de 20 mil postos de trabalho.
Edição: Juliana Andrade