Prefeitura aceita negociar com os sem-teto que ocupam edifícios abandonados na capital

05/10/2010 - 20h47

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A prefeitura de São Paulo afirmou que está disposta a negociar com os representantes da Frente da Luta por Moradia (FLM), que organizou ontem (4) a ocupação de quatro edifícios abandonados na capital paulista. Os integrantes da FLM informaram que amanhã (6) devem se reunir com membros da Secretaria de Habitação.

A coordenação das ocupações informou que as 2,8 mil pessoas que ocupam os prédios são habitantes da cidade que não têm acesso a programas habitacionais. Reclamam que não há integração dos governos federal, estadual e municipal para a construção de casas para famílias que ganham até três salários mínimos por mês.

De acordo com a coordenação do movimento, o segundo dia de ocupação dos prédios do centro de São Paulo foi dedicado à limpeza e à organização. Os invasores aproveitaram a retirada das tropas da Polícia Militar (PM) para levar mantimentos e objetos pessoais para dentro dos imóveis. Os líderes da FLM disseram também que, até que seja encontrada uma solução, os prédios permanecerão ocupados. Os policiais deixaram a área dos prédios ontem à noite e, com isso, a entrada e a saída dos ocupantes foram liberadas. Antes, quem deixava os prédios não podia voltar.

“Estamos organizando um mutirão de limpeza, uma cozinha comunitária, arrumando as coisas”, disse Carmem da Silva Ferreira, uma das coordenadoras da ocupação do edifício 584 da Avenida Nove de Julho. “Ontem, não podíamos nem buscar água e comida". O prédio foi ocupado por 700 pessoas. Além deste, integrantes da FLM invadiram edifícios abandonados na Avenida Prestes Maia, Avenida Ipiranga e Avenida São João.

“Estamos tirando o entulho, arrumando a fiação elétrica e a questão da água”, complementou Heluiza Soares, que coordena a ocupação na Avenida Ipiranga, com mais de 800 pessoas. Segundo ela, a intenção dos ocupantes é ficar nos prédios. Eles afirmam que, com algumas melhorias, os locais são habitáveis.

Edição: Vinicius Doria