Conflitos longos dificultam repatriação de refugiados, diz Acnur

05/10/2010 - 15h21

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, Antonio Guterres, alertou que o aumento de conflitos longos vem gerando novas situações de refúgio no mundo. Dados de 2009 indicam que há cerca de 43,3 milhões de refugiados no mundo. Os conflitos internos e com os países fronteiriços agravam a situação destas pessoas. Como exemplos, ele citou os efeitos dos conflitos na Somália e no Afeganistão.

Segundo Guterres, os afegãos, por exemplo, procuraram refúgio em 69 países. Um em cada quatro refugiados do mundo é do Afeganistão. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) calcula que há cerca de 800 mil refugiados no mundo aguardando reassentamento.

Deste total, aproximadamente 27 milhões são pessoas que se deslocam dentro do próprio país em decorrência dos acidentes naturais – terremotos, deslizamentos de terra e alagamentos. Mais de 12 milhões se julgam apátridas, ou seja, não se consideram mais integrantes da pátria onde nasceram, a que pertenciam. As informações são da Acnur.

“Nós estamos testemunhando a criação de várias situações quase permanentes de refúgio,” disse Guterres. “O ano passado foi o pior em duas décadas para a repatriação voluntária de refugiados. Há uma explicação simples para esse fato: as mudanças na natureza dos conflitos e a crescente dificuldade em tratá-los fazem com que o alcance e a manutenção da paz se tornem mais difíceis.”

Guterres afirmou que a discriminação em relação aos refugiados é permanente. Segundo ele, aproximadamente mais da metade dos refugiados vive em situações prolongadas de refúgio.“Nós precisamos aumentar a solidariedade internacional e a divisão da responsabilidade”, disse. “É absolutamente necessário um maior entendimento e reconhecimento pela comunidade internacional.”

O Acnur advertiu que aumenta também o número de apátridas no mundo, principalmente, originários do Cambodja, Quênia, de Bangladesh, do Zimbábue, Quênia e da Tunísia. Segundo ele, é necessário intensificar os esforços para evitar o agravamento da situação. Para Guterres, um exemplo de melhoria da legislação em favor dos refugiados houve recentemente no Vietnã.

Pelos dados de 2009, os principais países que dão asilo a refugiados são o Paquistão, o Irã, a Síria, a Alemanha, a Jordânia, o Quênia e o Chade. Cerca de 80% dos refugiados vivem em áreas próximas a seus países de origem. Já os principais países de origem dos refugiados são o Afeganistão, o Iraque, a Somália, o Congo, a Colômbia e Mianmar (antiga Birmânia).


Edição: Lana Cristina