Anefac vê trajetória de crescimento favorável para os países emergentes

28/09/2010 - 21h42

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Os países em desenvolvimento – com China, Índia, Brasil e Rússia à frente – e os países emergentes, puxados pelo Sudeste Asiático, vivem no momento uma “trajetória favorável de crescimento”, ao contrário dos Estados Unidos e dos países europeus, que estiveram no centro da crise financeira mundial e “não conseguem sair do buraco”.

A análise é do economista José Ronoel Piccin, presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), que acompanha a expectativa do Banco Mundial (Bird) de que os países em desenvolvimento serão os propulsores do crescimento global no curto prazo.

De acordo com projeção do Bird, divulgada ontem (27), em Washington, quase a metade do crescimento mundial provém dos países em desenvolvimento e dos países emergentes. Como a perspectiva de crescimento das economias dos países em desenvolvimento é quase o triplo da expansão prevista para os países desenvolvidos, a expectativa é que a soma das economias em crescimento ultrapasse a dos países de alta renda até 2015.

A previsão do Bird é que o Produto Interno Bruto (PIB) dos países em desenvolvimento deve aumentar 6,1% neste ano, 5,9% em 2011 e 6,1% em 2012. Crescimentos maiores do que os das economias desenvolvidas, que devem ficar ao redor de 2,3% neste ano, 2,4% em 2011 e 2,6% em 2012.

A esse respeito, o dirigente da Anefac afirmou que os países em crescimento “estão sendo obsequiados” pelas circunstâncias macroeconômicas, porque corrigiram a tempo as falhas detectadas, principalmente na década de 1990, nas crises dos Tigres Asiáticos (1997) e na da Rússia (1998), que tiveram fortes reflexos na economia brasileira, a ponto de o governo ser obrigado a adotar o regime de câmbio flutuante e de metas de inflação, em janeiro de 1999.

No caso particular do Brasil, ele acredita que “os acertos começaram com o controle da inflação”, em 1994, depois do lançamento do Plano Real; ganhou força com o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) em 1996, muito criticado à época, e que vigorou até a promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em 2001.

“Graças a esses controles, estamos colhendo os frutos agora, com crescimento sustentável, enquanto os outros [países desenvolvidos] só sairão do sufoco lá para 2015”, acrescentou Ronoel Piccin. Segundo ele, outro fator que tem ajudado o crescimento brasileiro é o forte aumento do crédito, que já corresponde a mais de 46% do PIB, mas ainda bem abaixo de padrões internacionais, acima de 60%.
 

 

Edição: Rivadavia Severo