Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular espera estabelecer logo um acordo com o Ministério da Saúde sobre o reajuste do percentual dos procedimentos feitos pela categoria por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o presidente da entidade, Gilberto Venossi, pela primeira vez, as negociações “foram conduzidas de maneira profissional”. Enquanto esperam pela conclusão das tratativas, cirurgiões de alguns estados estão mobilizados para pressionar as autoridades a aumentar o valor da tabela do SUS pelos seus serviços. No Rio de Janeiro, por exemplo, eles querem que o governo estadual atenda à reivindicação.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, está otimista em relação ao desfecho da negociação. “Não vamos nos desgastar. Está faltando pouco. Ambas as partes [ministério e cirurgiões] fizeram muitos esforços. Queremos atender o povo com melhor qualidade. Não queremos mais listas de espera”, disse Venossi. Durante esta semana, três pessoas com cardiopatia morreram em Goiânia enquanto aguardavam cirurgias. A entidade lamentou as mortes ocorridas na capital de Goiás,
No Rio de Janeiro, os cirurgiões cardiovasculares intensificaram o movimento para pressionar o governo a atender a reivindicação. Eles anunciaram que vão suspender as operações a partir de 28 de outubro, caso a tabela do SUS não seja revisada. A categoria quer, por exemplo, que o valor do implante de uma ponte de safena passe de R$ 940 para R$ 6,5 mil. Hoje, informam, os planos de saúde pagam entre R$ 13,6 mil e R$ 18 mil pelo procedimento.
Durante inauguração de uma Clínica da Família, na zona oeste do Rio, o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, enfatizou que a negociação está sendo conduzida pelo Ministério da Saúde, onde um grupo de trabalho está estudando a revisão da tabela.
Côrtes afirmou que, no momento, não há possibilidade de a secretaria complementar a quantia, como prevê o SUS. "Temos que pensar em todo o investimento na área de saúde. Não podemos pensar especificamente em uma especialidade. Temos que ver investimentos na área de neurocirurgia, de ortopedia e, principalmente, na prevenção dessas doenças."
No entanto, o presidente da Cooperativa Fluminense, Ronald Peixoto, quer retomar a negociação com o estado. Segundo ele, sem a retomada das tratativas, a categoria "não vai continuar pagando para trabalhar". "Não somos empregados do estado e nem de lugar nenhum. Somos profissionais liberais e não vamos atender mais. Demos 90 dias para alguém vir conversar conosco e a situação ainda não foi resolvida."
A situação no Rio é semelhante à de outros estados. Em São Paulo, os médicos começam a se organizar em uma cooperativa para pressionar o governo e os planos a pagar melhor pelos procedimentos cirúrgicos cardiovasculares. Na Bahia, o Ministério Público Federal está intermediando as negociações.
Na avaliação da Cooperativa Fluminense, a situação pode ser resolvida com um acordo nos moldes do que foi fechado no Espírito Santo. Lá, os cirurgiões cardiovasculares conseguiram fazer com que o valor do procedimento passasse para R$ 6,5 mil. Além disso, houve aumento de repasses para as equipes médicas e para os hospitais que fazem as cirurgias. “Queremos alguma coisa parecida”, disse Peixoto.
Edição: João Carlos Rodrigues