Consumo de crack aumenta problema da dependência química no Rio

26/08/2010 - 22h38

Alana Gandra

Repórter da Agência Brasil

 

Rio de Janeiro - O problema da dependência química se agravou no Rio de Janeiro com a entrada gradual do crack, a partir de 2000, disse hoje (26) o psiquiatra Osvaldo Saide, da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro (Aperj). Ele participou do primeiro dia de trabalhos da 7ª Jornada Sudeste da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e da 19ª Jornada de Psiquiatria da Aperj, no Rio.

 

Saide afirmou que a questão das drogas deve ser encarada como um problema de saúde pública. Os profissionais do setor estão preocupados com o aumento do número de dependentes químicos porque há poucos recursos no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar dos problemas que a população apresenta. “Os serviços de saúde pública não estão dando conta do atendimento que a população da cidade precisa e, provavelmente, o país”, avaliou.

 

De acordo com ele, as enfermarias para desintoxicação de dependentes químicos, criadas por portaria em 2002, até hoje não saíram do papel. O que existe, acrescentou, são apenas leitos em alguns hospitais. Isso, assinalou, não resolve a questão. Para o psiquiatra, a rede pública de saúde precisa contar com centros especializados no tratamento de dependentes químicos.

 

Por se tratar de um produto mais barato, o crack tem maior alcance, atingindo pessoas mais pobres.. Seu uso, porém, vem se ampliando também na classe média, principalmente entre os jovens, enfatizou o psiquiatra.

 

De acordo com o especialista, a questão das drogas não pode ser vista apenas como um problema social, mas deve ser incluída nas políticas públicas de saúde. Segundo ele, a procura pelo serviço de atendimento a dependentes químicos é crescente no Rio de Janeiro e o governo não tem onde colocar essas pessoas que, muitas vezes, apresentam uma conduta compulsiva para a compra de drogas e se tornam violentas.

 

A Secretaria Estadual de Saúde informou, por meio de sua assessoria, que o estado tem tratamento ambulatorial para o dependente químico, no Centra Rio e no Centro Psiquiátrico do Estado do Rio de Janeiro (CPRJ). O estado tem também três clínicas para internação, administradas pela Secretaria de Ação Social, onde os pacientes passam pela desintoxicação. Além disso, o Instituto Pinel de Psiquiatria conta com uma unidade para internação de dependentes de álcool.

 

Os eventos da ABP e Aperj se estenderão até o próximo sábado (28), debatendo o tema O Desafio dos Diagnósticos Espectrais em Psiquiatria: Mito ou Verdade.

 

Edição: João Carlos Rodrigues