Da Agência Brasil
Buenos Aires - Apesar de ter rompido relações diplomáticas com a Colômbia em 2008, o presidente do Equador, Rafael Corrrea, assistiu ontem (7) à cerimônia de posse do novo presidente colombiano, Juan Manuel Santos. Correa rompeu relações com o governo do ex-presidente Álvaro Uribe depois que o Exército colombiano invadiu o Equador para bombardear acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). No ataque, morreram o líder guerrilheiro Raúl Reyes, o número dois na linha de comando das Farc, e mais 25 pessoas.
De acordo com a BBC Brasil, Correa apertou a mão de Santos durante a cerimônia de posse. O novo presidente colombiano, que recebeu uma oferta de diálogo com as Farc dias antes da posse, disse que as portas para uma negociação "não estão fechadas com chave". Condicionou, porém, um virtual acordo à libertação incondicional de todos os reféns, ao fim da extorsão e à deserção de todas as crianças que teriam sido recrutadas pela guerrilha para compor seu exército.
Caso contrário, disse Santos, "continuaremos enfrentando [os grupos irregulares] com tudo que estiver ao nosso alcance e vocês que me escutam sabem que nós somos eficazes", afirmou. Herdeiro político do ex-presidente Álvaro Uribe, Santos defendeu a política de segurança democrática, carro-chefe da política de Uribe que consiste na via militar, não negociada, para o conflito armado. "É possível ter uma Colômbia em paz, sem guerrilha e vamos demonstrar isso pela razão ou pela força", afirmou.
Considerado um dos presidentes mais populares e polêmicos da história da Colômbia, Uribe esteve atrás de Santos durante todo o discurso. O ex-presidente foi homenageado pelo seu sucessor, que afirmou que Uribe "mudou" a história do país.
Santos, que disse ser o presidente da "unidade nacional", participou ontem de uma cerimônia de posse simbólica com comunidades indígenas e afrodescendentes em Sierra Nevada. A cerimônia oficial contou com a participação de pelo menos 5 mil convidados e 20 chefes de Estado.
Santos herda de Uribe um país com 20 milhões de pobres, em uma população de 44 milhões, e com 3,5 milhões de pessoas vítimas de deslocamento forçado em consequência do conflito armado. O déficit fiscal é estimado em mais de 4% do Produto Interno Bruto e a taxa de desemprego é de 12%, uma das mais altas da América Latina.
Edição: Graça Adjuto