Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo notificou a prefeitura de São Paulo para que as valas comuns e os ossários dos cemitérios de Parelheiros e de Vila Formosa não sejam abertos sem acompanhamento de algum órgão federal, como o próprio MPF e a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Há a suspeita de que ambos os cemitérios tenham sido utilizados durante a ditadura militar para esconder restos mortais de desaparecidos políticos.
A intenção do Ministério Público é tentar impedir que os locais sejam violados, descaracterizando provas e até provocando a perda do material genético que pode ajudar a identificar de quem são as ossadas, caso sejam encontradas. Segundo o MPF, os procuradores Eugênia Fávero e Marlon Alberto Weichert receberam denúncias sobre as valas comuns do ex-administrador do Cemitério de Parelheiros Laércio Ezequiel dos Santos e da família do desaparecido político Virgílio Gomes da Silva, o Jonas. A família de Jonas obteve documentos que indicavam que ele teria sido enterrado no Cemitério de Vila Formosa.
Já o juiz federal Ali Mazloum, da 7ª Vara Federal Criminal em São Paulo, rejeitou um pedido feito pelo Ministério Público e determinou que o inquérito que apura a ocultação do cadáver de Flávio Carvalho Molina – militante do Movimento de Libertação Popular (Molipo), preso em 1971 por agentes do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI/Codi) – prossiga.
Ali Mazloum também pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que abra uma ação penal contra o senador Romeu Tuma (PTB-SP) por ter manifestado conhecimento sobre o crime de ocultação do cadáver de Flávio, em 1978, quando foi chefe do Departamento de Ordem Política e Social (Dops).
Edição: Lana Cristina