Da Agência Brasil
Brasília - Depois dos ataquespraticados pelos marrons (como são chamados os descendentes deescravos que vivem no Suriname) na véspera de Natal, será difícilmanter uma relação de cordialidade entre os surinameses e osbrasileiros que trabalham como garimpeiros naquele país.A avaliação é da pesquisadora da Universidade Federal do Rio deJaneiro (UFRJ), Maria Célia Coelho. Ela lembrou que já existia umressentimento da população nativa com os brasileiros.“Acho que o fato deos brasileiros darem 10% do que garimpam aos nativos não ésuficiente para manter uma relação de cordialidade. Porque adisputa dos negros da região é pelo acesso à riqueza do garimpo, esó 10% não satisfazem. Com isso a atrição (desgaste provocado poratrito) permanece”, disse a professora em entrevista ao programaAmazônia Brasileira, da Rádio Nacional da Amazônia.A pesquisadoraressaltou que a presença dos garimpeiros no Suriname é uma questãocomplicada para o governo brasileiro, já que eles estão láilegalmente.“Como é que o Brasilvai ajudar alguém que está ilegal em um outro país? Deve-seretirar a população de lá, até para evitar problemas com oSuriname, e dar assistência às mulheres que foram estupradas. Mas,mais do que isso eu acho que o Brasil não pode fazer, já que setrata de uma atividade que é ilegal”.A professora, quepesquisou a imigração de brasileiros no Suriname, disse que osestudos mostram que há muitos imigrantes envolvidos em uma rede deprostituição local, financiada pelo garimpo.