População tenta reerguer São Luiz do Paraitinga, devastada pela enchente

05/01/2010 - 13h08

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Cinco dias depois de ter sido devastada pela maior enchente que acidade de São Luiz do Paraitinga já sofreu, a população tentavoltar à rotina, mas o cenário ainda é de muita desolação.Em alguns pontos jáfoi restabelecido o sistema de telefonia, o fornecimento de energiaelétrica e o abastecimento de água, segundo informou à AgênciaBrasil, o tenente Marlon Robert Niglia, diretor do Núcleo deGerenciamento de Emergência da Coordenadoria da Defesa Civil doEstado de São Paulo.Um homem de 42 anoscontinuava desaparecido até o final da manhã de hoje (5). Nenhumcaso de morte havia sido confirmado até aquele momento.Cálculos preliminaresda prefeitura dão conta de que os prejuízos podem chegar a R$ 100milhões. Entre bombeiros, policiais militares, técnicos ambientaise profissionais da Defesa Civil 192 pessoas atuavam hoje na forçatarefa para devolver a normalidade ao município.De acordo com o tenenteNiglia, ainda existem 2,4 mil pessoas que não podem voltar paracasa. A maioria dos desalojados foi abrigada por parentes em cidadesvizinhas como Taubaté. Nos abrigos municipais, que não chegaram aser afetados por estarem situados num ponto alto, ha´30 pessoas.Desde ontem, técnicosdo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) fazem vistorias nosimóveis atingidos e também nas encostas, de modo a avaliar se aindahá riscos para a população.O nível da água do Rio Paraitinga subiu mais de dez metros. Ruas,casas, igrejas, prédios públicos e estabelecimentos comerciaisforam tomados pelas inundações e força da correnteza arrastoucarros , árvores, móveis e outros objetos.Quando a água baixou,havia veículos jogados sobre paredes e um amontoado de escombros,além de muita lama. Algumas construções, incluindo prédioshistóricos, ficaram em ruínas ou foram, parcialmente, destruídas.Em entrevista à TVBrasil, o engenheiro civil, Jairo Barriello, comandante da DefesaCivil do Município, explicou que as enchentes resultaram de doisfenômenos: a cheia do rio Chapéu e a grande vasão da bacia doParaitinga.Segundo ele, nãosobraram nem ferramentas e equipamentos do setor público municipalpara os trabalhos necessários de reconstrução, como pás, enxadas,capacete e outros. A população precisa principalmente de água emuito material de limpeza.Equipes do Instituto doPatrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vinculado aoMinistério da Cultura, e do Conselho de Defesa do PatrimônioHistórico, Arquitetônico, Artístico e Turístico (Condephaat),iniciaram hoje um estudo sobre os danos aos prédios históricos quesomam mais de 90 construções, algumas do século XIX e entre osquais estavam as erguidas com paredes de taipa (barro socado eestruturado em esteiras de bambu ou de madeiras).A superintendente doIphan em São Paulo, Ana Beatriz Airosa, informou que, antes dosacontecimentos, estava em processo final o estudo que iria conceder otombamento de São Luiz do Paraitinga, reconhecendo a cidade como nãoapenas como detentora de um patrimônio histórico, mas tambémpaisagístico.De acordo com asuperintendente, nem todos os imóveis perdidos poderão serdevolvidos como eram, originalmente. “O que a gente vê por aqui émuita desolação”, disse à reportagem da Agência Brasil por meiode um aparelho celular.