Aeronáutica afirma ter finalizado relatório sobre aviões de combate, mas não divulga conclusões

05/01/2010 - 20h16

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Três meses após receber as propostas finais das empresas que disputam a concorrência paravender 36 novos aviões de combate à Força Aérea Brasileira (FAB), aAeronáutica informou já ter concluído o relatório com a análise técnica que irá apontar a melhor opção de compra para o país.   Emnota divulgada hoje (5), o Centro de Comunicação Social da Aeronáuticagarante que o documento elaborado por uma comissão militar ainda nãofoi entregue ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, responsável porencaminhá-lo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem caberá apalavra final sobre a negociação. Publicada em resposta a umareportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, a nota não mencionaas conclusões a que a comissão chegou após avaliar as propostas dastrês empresas finalistas: a sueca Saab, fabricante do modelo Gripen NG;a norte-americana Boeing, responsável pelo caça F-18 Super Hornet e oconsórcio Rafale International, liderado pela francesa Dassault. Segundo o jornal, que afirma ter tidoacesso exclusivo ao relatório da FAB, os militares recomendam que ogoverno opte pelo monomotor Gripen NG, o mais bem avaliado entre ostrês concorrentes, graças, principalmente, ao fator financeiro. Emseguida ficou o Super Hornet. O Rafale, que em setembro de 2009 chegou a ser anunciado pelo próprio presidente Lula como o vencedor da disputa, teria ficado em terceiro lugar. Procuradapela Agência Brasil, a assessoria da FAB se limitou a dizer que oprocesso ainda não está concluído e que, portanto, segue em sigilo. O ministério daDefesa também não se pronunciou sobre o assunto. Orepresentante da Saab no Brasil, Bengt Janer, disse que a empresa soubepela imprensa da possibilidade de os militares terem recomendado acompra do Gripen. “Precisamos aguardar a confirmação oficial,mas estamos confiantes de que nossa oferta é a melhor oportunidade paradesenvolvermos uma parceria de longo prazo. Nossa proposta édesenvolvermos a próxima geração do Gripen em parceria com a indústriabrasileira e vendê-lo para o mundo todo. Como atendemos a todos osrequisitos operacionais [impostos pela FAB], só nos resta esperar qualserá a decisão política”, disse Janer. Janer evitou falar sobrepreços, mas alguns especialistas estimam que cada Gripen custará cercade US$ 70 milhões de dólares, metade do valor estimado para o Rafale daDassault (US$ 140 milhões). De acordo com Janer, o novoGripen é uma atualização do modelo que já existia e o primeiro modelode testes já realizou mais de 100 voos. Aviadorda FAB por mais de 40 anos, o ex-presidente da Empresa Brasileira deInfraestrutura Aeroportuária (Infraero), brigadeiro José CarlosPereira, considera que, do ponto de vista operacional e comercial, ocaça sueco é o mais apropriado, ainda que possa vir a custar mais doque o esperado. “Do ponto de vista puramente técnico o aviãosueco seria o melhor já que ele ainda está em fase de desenvolvimento. A Embraer é o que éhoje graças a acordos de transferência de tecnologia semelhantes feitoscom a Itália há alguns anos”, diz Pereira. “Quanto ao preço final, estaé uma questão de gestão. Se você não sai do desenho básico é possívelcontrolar o preço. Eu acredito até que o preço pode ser reduzido”.