Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Instaladoshá três meses na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, o presidentedeposto de Honduras, Manuel Zelaya, e sua mulher, Xiomara Castro,passarão a noite de Natal nas dependências da representação diplomáticabrasileira, com “limitações” e num clima de “resistência”, nas palavrasda primeira-dama hondurenha. As informações são da BBC Brasil. Ementrevista à agência de notícias britânica, Xiomara Castro afirmou queo Natal deste ano “não será o mesmo”, e que ela e o marido esperam aautorização do governo interino de Honduras para que seus familiarespossam entrar na embaixada brasileira para comemorar a data.“Esteano passaremos aqui, na Embaixada do Brasil, que nos abriu as portasnestes três meses. Lógico que não é o mesmo, não há essa alegria, esseespírito de paz que predomina na noite de Natal”, afirmou em entrevistapor telefone à BBC Brasil.“Solicitamos a possibilidade de que afamília pudesse vir, os filhos, nossas mães, os netos, que pudessemficar um pouco, para compartilhar os alimentos que podem ser preparadosna casa. Mas não depende de nós”, disse.Atualmente, 13 pessoas, incluindo o presidente deposto, a primeira-dama e seuspartidários, encontram-se abrigados na Embaixada do Brasil emTegucigalpa.Zelaya se refugiou na representação diplomática no último dia 21 de setembro, pouco menos de três meses depois de ter sido deposto da Presidência de Honduras.Segundoo diplomata brasileiro Francisco Catunda Resende, um dos responsáveispela embaixada, o clima no local é de “normalidade” e, apesar dapresença dos hóspedes, alguns serviços consulares emergenciais já estãosendo cumpridos.Catunda estará de plantão na embaixada na noite de Natal, mas afirmou ainda não ter sidoinformado sobre qualquer comemoração por parte de Zelaya e sua família.Ainda segundo o diplomata, as dependências da embaixada estão limpas,os banheiros funcionando e as condições de higiene são adequadas.Deacordo com Xiomara Castro, Zelaya tem recebido muitas ligações depessoas que desejam mostrar “solidariedade” à sua “resistência”. Elaafirmou que o presidente deposto continua “em sua luta para reverter ogolpe de Estado”, mas ressaltou que a restituição de Zelaya ao podernão faz mais parte de suas demandas.Segundo ela, o presidente “se manterá firme, sem renunciar”, até o dia 27 de janeiro, quando terminaria seu mandato e tomará posse Porfírio Lobo, eleito presidente de Honduras no pleito do último dia 29 de novembro. A partir daí, segundo a primeira-dama, serão “tomadas as providências correspondentes”. Deacordo com o diplomata Francisco Catunda, há gestões para que Zelaya vápara a República Dominicana, onde ele poderia continuar as negociações.O diplomata, no entanto, não deu mais detalhes.Mesmo assim,de acordo com o diplomata brasileiro, o governo do Brasil nunca deuqualquer ultimato para que o presidente deposto de Honduras deixe aembaixada, podendo permanecer no prédio o quanto for necessário.