Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em um ano de crisefinanceira internacional, as projeções dos analistas do mercadofinanceiro para indicadores importantes como crescimento econômico,inflação, taxa básica de juros e cotação do dólar oscilaramdurante todo o período. Algumas das projeções feitas no início doano ficaram longe dos números registrados no cenário atual, quandose encerra o período. Isso pode ser observado no boletimFocus, publicação semanal elaborada pelo Banco Central combase em estimativas de analistas do mercado. Uma das projeções quemais apresentaram variação foi a cotação do dólar, que, noboletim do dia 2 de janeiro, tinha previsão de R$ 2,25 ao fim de2009. No último boletim, divulgado no dia 21 deste mês, aestimativa era de R$ 1,75.“O câmbio se depreciou muito noinício da crise [setembro de 2008] e chegou a bater em R$2,50. Agora voltou para o patamar ao redor de R$ 1,80”, afirma oeconomista e sócio da Tendências Consultoria, Juan Jensen. Outraprojeção que oscilou muito durante o ano foi a da taxa básica dejuros (Selic), que está atualmente em 8,75% ao ano. No primeiroboletim Focus do ano, a estimativa era de 12% ao ano. “OBanco Central começou a reduzir a Selic apenas em janeiro. Ainda nãose sabia qual era o espaço de redução ao longo do ano”, dizJensen. Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),a estimativa no início do ano era de 5%, portanto, acima do centroda meta de inflação, de 4,5%. Agora, os analistas projetam esseíndice em 4,29% ao final de 2009. No caso do Produto Interno Bruto(PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país), aestimativa ainda era de crescimento no início do ano de 2,40%.Atualmente, a estimativa é de retração de -0,23%. Apesarde todas essas variações, o professor de economia Fabio Kanczuk, daFaculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP), ressaltaque é importante acompanhar as projeções para a tomada dedecisões. As estimativas podem ajudar, por exemplo, uma empresa adefinir quanto vai produzir, se é hora de importar produtos ou, nocaso de um trabalhador, se o momento é propício para tentar trocarde emprego ou comprar um carro, entre outras atividades do cotidiano.Kanczuk explica que, no caso do dólar, os analistas errammuito, porque há várias teorias sobre o câmbio e não se sabequais variáveis vão apresentar maior impacto em cada momento. Parafazer a projeção para o câmbio, os analistas observam, porexemplo, a atividade econômica e o balanço de pagamentos (astransações comerciais e financeiras do Brasil com o exterior). Oprofessor lembra que há um ditado no mercado de que prever a cotaçãoé um “exercício de humildade”.O professor destaca aindaa atipicidade do ano de 2009, em que se enfrentaram os efeitos dacrise financeira internacional na economia brasileira. “[Osanalistas] erraram mais do que o normal. Mas aqui e no mundointeiro ninguém conseguia mensurar, no início do ano, qual seria oimpacto da crise.” Jensen concorda com Kanczuk e afirmaque, em ano de crise, “a certeza sobre as projeções diminui”.Paraele, este ano, não foi tão simples fazer projeções. "Navirada do ano [de 2008 para 2009], o cenário ainda eranebuloso.”