Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As divergências entreas propostas defendidas pelo Instituto Brasileiro de Petróleo Gás eBiocombustíveis (IBP) e pela Associação dos Engenheiros daPetrobras deram o tom da audiência pública na comissão especialcriada para discutir o projeto de criação da Petro-sal que ficaráencarregada da gestão dos contratos de partilha na exploração depetróleo da camada pré-sal. Enquanto o IBP defendea flexibilização do controle do governo sobre as questões que,segundo o presidente do instituto, João Carlos de Luca, podem chegarao dia a dia da produção, o presidente da Associação deEngenheiros da Petrobras, Fernando Leite Siqueira, chegou aapresentar a proposta de fim dos leilões. Segundo Siqueira, aPetrobras tem condições e deve explorar sozinha o petróleo dopré-sal como forma de garantir que o “povo brasileiro seja overdadeiro dono da riqueza”. “Não há nenhumarazão para se continuar com os leilões. A Petrobras não temcomplicação financeira alguma, não tem gargalo tecnológico. Osprojetos que o governo enviou ao Congresso Nacional representam umavanço”, disse Siqueira que se posicionou contrário àcriação da estatal com o único objetivo de realizar e gerenciar osleilões. O presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras disse que "os projetosrepresentam avanços na medida em que preveem mudança do contratode concessão para partilha, que colocam a Petrobras como a únicaoperadora de todos os blocos". Na avaliação de Siqueira outro avanço dos projetos é a criação do fundo social, que "além deser uma poupança para o futuro ajudará a resolver muitos problemasinternos atuais do Brasil". Ele só não considera necessário criaruma estatal para cuidar dos leilões. "Acho que não deveria nemocorrer esses leilões”, disse. Siqueira classificoucomo uma "falácia" a argumentação defendida pelo IBP de que outrasempresas exploradoras de petróleo poderiam contribuir para oaperfeiçoamento tecnológico do processo de produção. Ele destacouo “pioneirismo da Petrobras na exploração de petróleo em águasprofundas e o desenvolvimento atual de tecnologias para vencer asbaixíssimas temperatura nas camadas mais profundas das áreas deexplorações. “A vantagem é que aPetrobras tem e é ela que sabe como usar essas tecnologias. Não hágargalo tenológico que a Petrobras não possa vencer e que as outrasempresas podem. Isso é falácia”, destacou.O presidente da associação defendeu umaposição mais nacionalista em relação ao pré-sal e procuroudemonstrar a a grandiosidade da descoberta perante a atual situaçãodo comércio mundial de petróleo. “Estamos na eminência de umchoque de demanda. Somando as produções de todos os países, nósestamos chegando ao pico dessa produção e depois disso temos umaqueda muito forte. Se a demanda mundial ficar estabilizada, significaque, mesmo assim, a luta pelo petróleo vai recrudescer muito. Com adescoberta do pré-sal o Brasil ficou em uma situação muitoprivilegiada. Abrir mão do controle disso é um erro de estratégiaincomensurável”, afirmou.Siqueira ainda citou a pressão que as empresasinternacionais de exploração, conhecidas no mercado pela designação big oil, sobre as instituições brasileiras. “Há umapressão internacional sobre as instituições brasileiras. Há umapressão sobre o Congresso Nacional. Isso porque as leisinternacionais indicam que o verdadeiro dono do petróleo é quem oexplora, é quem o produz. Por isso, o Brasil deve produzi-lo”,disse. O IBP reúne as empresas que operam no setor de exploraçãono Brasil, e o presidente da entidade voltou a criticar a decisão dogoverno de ter apenas um operador para as áreas do pré-sal, no casoa Petrobras. De Luca enfatizou que ter um único operador não é bomnem para a própria Petrobras, e que mais empresas atuando nas novas áreas de exploração trariam maistecnologia para o setor. O IBP é autor de emendas sugeridas aosprojetos do pré-sal que defendem ainda o fim do poder de veto daPetrobras no comitê gestor do pré-sal.