Saúde une estado e município no combate à nova gripe no Rio de Janeiro

21/07/2009 - 6h31

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Ao mesmo tempo em que tenta driblar as carências estruturais, a área desaúde pública, tanto na cidade quanto no estado do Rio de Janeiro,luta contra o conflito de informações e orientações repassadas aosusuários do sistema. Diante da confirmação da primeira morte por influenza A (H1N1) – gripe suína, na última quinta-feira (16), uma nota conjunta das secretarias estadual e municipal de Saúde, parece ter sido o combustível que faltava para alarmar a população e expor problemas graves como a falta de médicos.Enquantovereadores da Comissão de Saúde da Câmara carioca vistoriavam na manhã de ontem (20) o Hospital Souza Aguiar – um dos mais requisitados da redepública municipal –, drogarias informavam o aumento de até 2.000% na venda de álcool em gel e a procura crescente por máscarasprotetoras. Os vereadores encontraram embalagens com 22 mil delas numasala do hospital, reservada ao atendimento de casos suspeitos e aindadesativada por escassez de profissionais qualificados. Asubsecretária municipal de Saúde, Anamaria Schneider, explicou quemédicos serão deslocados para o atendimento aos suspeitos de contrair o vírus da gripe suína, mediante gratificação sobre o salário, mas nãoadiantou data. Ela anunciou também a criação de cinco novos postos deorientação popular sobre a doença, nos mesmos moldes do ônibusitinerante.O ônibus, batizado de Prevenção à Gripe A, atendeumais de 3 mil pessoas e já passou pela Gávea, Barra da Tijuca,Cinelândia, Central do Brasil e pelo Mercadão de Madureira. Desde o começodesta semana e até quarta (22), ele atende em Bangu, e nos dias 23 e 24 estará em Bonsucesso. A iniciativa é das duas secretarias.A prefeitura destaca não haver motivo para pânico nãosó no ônibus, mas em todo atendimento e no material distribuído. “O importante nessemomento é que todos mantenham a calma e adotem medidas rotineiras dehigiene", ressaltou a subsecretária. Segundo ela, alguns cuidados básicos podem ajudar no combate como lavar as mãos frequentemente comágua e sabão, evitar tocar nos olhos, nariz ou boca, não compartilharalimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal e cobrir o nariz e aboca com lenço ao tossir ou espirrar. Os principais sintomas da doençasão febre e tosse, podendo ser acompanhadas de coriza, dores no corpo edor de garganta.A rede municipal de apoio a quem apresentesintomas da influenza A (H1N1) – gripe suína – é vasta e inclui mais de 170 endereços dehospitais, postos de saúde, estratégias de saúde familiar, unidadesintegradas de saúde e outras instalações municipais. Abrangem os maisvariados e distantes bairros e favelas, comoas dos complexos do Alemão e da Maré. Na lista, destacam-se os grandes hospitais Souza Aguiar, Salgado Filho, Miguel Couto, Lourenço Jorge e Paulino Werneck.A população pode encontrarorientação nestas instituições, ao contrário das Estratégias de Saúdeda Família (antigos Postos de Saúde da Família) que atendemapenas pessoas cadastradas e em muitos casos encaminhadas para pontosmais preparados e equipados da rede oficial. Nas estratégias contatadaspor telefone, funcionários sequer sabiam da mudança na nomenclatura dospostos.Na área estadual, recebem pacientes hospitais emsubúrbios cariocas como Realengo, Marechal Hermes, Penha, Santa Cruz,Campo Grande, Cavalcanti e Coelho Neto, e ainda em outros municípios,como Caxias, Nilópolis, Itaboraí, Niterói, São Gonçalo, Barra de SãoJoão, Araruama e Casimiro de Abreu.O superintendente de Rede de Unidades Próprias do estado, Luiz Maurício Plotkowski, informou que o Rio de Janeiro temquatro hospitais de referência para internação de pacientes com influenza A (H1N1) – gripe suína: o Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz),Instituto Estadual de Infectologia, localizado no Iaserj Central, oHospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e o Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).Narede própria, a média mensal de serviços de pronto-atendimento eemergências, é de 18 mil, e a rede conta com cerca de 8,5 mil médicos. Oestado mantém ainda uma rede de 22 unidades de pronto-atendimento(UPAs), cada uma com 12 mil atendimento/mês, em média, feitos por cercade 75 médicos.Desde aconfirmação da morte da mulher de 37 anos pela influenza A (H1N1) – gripe suína, o Centro deInformações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da SecretariaMunicipal de Saúde investiga os contatos da paciente. Ela foi internada cinco diasdepois de apresentar sintomas claros da doença em um hospital particular, onde morreu no dia 13 último.