Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O atual momento de escassez da água no mundo deve ser aproveitado pelo Brasil como uma oportunidade para se tornar um grande produtor mundial de alimentos. A avaliação é do professor Paulo Canedo, coordenador do Laboratório de Hidrologia da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).O Brasil, destacou Canedo, tem um conjunto de vantangens comparativas em relação à maioria dos países do planeta, como sol forte, terra fértil e água em abundância. Além disso, dispõe de uma enorme área agricultável.
“Isso faz com que o Brasil seja capaz de ser um grande produtor de alimentos para o resto do mundo. E ainda lhe sobra espaço para produzir biodiesel. Essa característica torna o Brasil um país ímpar, com grandes oportunidades”, afirmou.
Para ele, o aspecto negativo a ser superado é que ainda há muito desperdício no país.
“O Brasil não faz bom uso da riqueza que tem no que diz respeito aos recursos hídricos. Ele permite um grande desperdício, grandes poluições, enfim, essa parte ruim que ele tem que aprender a corrigir”, alertou professor da Coppe.
Canedo acredita, no entanto, numa mudança nos próximos 15 anos para que o país aprenda a usar corretamente seus recursos naturais e possa abastecer o alimentos os mercados interno e externo, além de produzir biodiesel.
Em comparação às iniciativas que vêm sendo promovidas por outros países em relação aos cuidados na gestão da água, o professor afirmou que o Brasil se alinha às demais nações em desenvolvimento, mas está muito abaixo dos países desenvolvidos. "A performance do Brasil não é boa”, avaliou.
A Coppe comemora o Dia Mundial da Água, neste domingo (22), dando seguimento ao Projeto Iguaçu, de combate às cheias na Baixada Fluminense, inserido no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
As obras em curso envolvem investimentos de R$ 185 milhões e devem estar concluídas em 2010. Segundo o professor, o projeto, elaborado pelo Laboratório de Hidrologia, foi considerado pelo Ministério das Cidades e pela Casa Civil da Presidência da República o melhor apresentado ao PAC em todo o país. Os pesquisadores da Coppe trabalham em projetos complementares às obras. A idéia, disse Canedo, é permitir que o governo fluminense possa pedir R$ 250 milhões ao governo federal, ainda neste semestre, também para despoluição de rios na Baixada Fluminense. O proposta prevê ações durante os próximos dois anos.