Indústria paulista demitiu 130 mil trabalhadores em dezembro

26/01/2009 - 15h33

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Onível de emprego na indústria paulista caiu 5,64% emdezembro do ano passado em comparação com o mêsanterior. Segundo o levantamento mensal divulgado hoje (26) pela Federaçãodas Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com o ajustesazonal, a queda foi de 2,72%. Foramdemitidos 130 mil trabalhadores nas indústrias do estado.Quando comparado o mês de dezembro de 2008 com o mesmo períodode 2007, a queda foi de 0,27%, 7 mil demitidos. O setor de produção de açúcare álcool foi responsável por 61% do índice, com80 mil demissões em dezembro. No acumulado do ano, aparticipação do setor nas demissões chegou a62%, com menos 4 mil trabalhadores empregados. No entanto, o diretor do Departamento de PesquisasEconômicas da Fiesp, Paulo Francini, disse que o setor nãopreocupa tanto nesse aspecto, porque é comum praticamente“zerar” o emprego no campo no fim do ano. “Sempre ocorre e, nesse setor, todos as anos háuma grande perda de empregos, assim como há grande geraçãode empregos a partir de fevereiro e março, quando começaa fase de plantio, para depois entrar na fase de colheita.” Além disso, Francini destacou que ossetores que demandam crédito são os que saem na frentenas demissões – as maiores variações ocorreramno setor de máquinas para escritório e equipamentos deinformática (-29,5%), coque, refino de petróleo,combustíveis nucleares e álcool (-24,9%), alimentos ebebidas (-20,5%) e couros, artigos de couro, viagem e calçados(-9,8%). “O nível de emprego acaba interferindo narenda disponível, que é quem alimenta a demanda. Ouseja, há um certo momento em que o emprego acaba afetando ademanda”, explicou.Francini ressaltou que o impacto da crise no nívelde emprego da indústria foi mais forte do que o esperado, jáque a entidade esperava fechar o ano com crescimento de 2% nascontratações. “Ficamos decepcionados pelo rigor nonível de emprego ocorrido nos meses de novembro e dezembro,que fez com que o ano de 2008 saísse com resultado negativo.”Ele atribuiu o resultado à crise econômicaglobal e disse que um dos aspectos marcantes da crise é avelocidade e a violência. “Onde ela chega mostra realmenteseu poder de devastação muito forte, grande e rápido.Tivemos, em um curto espaço de tempo, destruída ageração de emprego que acumulamos durante o ano de2008.”O diretor da Fiesp evitou fazer previsõessobre o nível de emprego na indústria porque a crisedemorou certo tempo para chegar ao Brasil – até chegou ainspirar otimismo de que não chegaria ao país. “Maschegou e aqui desembarcou e se estabeleceu também. Por terchegado tarde, os efeitos dela ainda estão se promovendo”.Ele acredita, porém, que os próximos três mesesdeverão registrar reduções no emprego. Francini criticou o governo, dizendo que o paísperdeu tempo discutindo se a crise chegaria, ou não, ao país.“A certeza de a crise chegar era absoluta, portanto, ter um tempode dúvida discutindo se ela iria, ou não, chegar foiperda de tempo, no qual podia-se prever as medidas a serem tomadas ouimplementá-las diante da certeza de sua chegada.”