Fórum Social Mundial alertou o mundo sobre crise financeira, diz Oded Grajew

26/01/2009 - 23h37

Luana Lourenço
Enviada Especial
Belém (PA) - As oito ediçõesdo Fórum Social Mundial (FSM) “avisaram” o mundo sobre ocolapso do modelo econômico que gerou a crise financeirainternacional que os mercados vivem atualmente. A avaliaçãoé de Oded Grajew , um dos idealizadores do FSM. Hoje (27),ele participou de entrevista coletiva em Belém. Atédomingo (1°), a capital paraense será a sede damegareunião.Grajew rebateu ascríticas de que o FSM é uma instância dereclamação, que não propõe soluções.Segundo ele, as alternativas foram apontadas ao longo dos anos, masnão tiveram repercussão entre os responsáveispelas políticas públicas e pelos investimentosmundiais.“Diziam que osrecursos eram limitados. Agora na crise, de repente, apareceramtrilhões de dólares para socorrer montadoras, bancos eempresas falidas e que poderiam ter sido usados para combater apobreza, melhorar saúde, a educação”,argumentou.Na avaliaçãode Grajew, o dinheiro repassado atá agora a empresas einstituições financeiras para amortecer os impactos dacrise seria “mais que suficientes” para combater a fome, apobreza e melhorar o acesso à saúde e à educaçãono planeta.O ativista atribuiuparte da falta de visibilidade para as propostas do Fórum àcobertura da imprensa, que, segundo ele, tenta “folclorizar” areunião.A representante doFórum Social Europeu, a italiana Rafaela Bolini, lembrou quenas primeiras edições do megaevento os movimentossociais e organizações da sociedade civil que“denunciavam a globalização neoliberal e o mercadocapitalista” sofreram criminalização e atérepressão política. “E a denúnciaera verdade. A denúncia dos perigos para a humanidade, para oplaneta e para a natureza era verdadeira. E estamos aqui porque essarealidade precisa ganhar visibilidade”, enfatizou Rafaela.Um dos desafios do FSM,segundo Rafaela, é evitar a fragmentação econstruir propostas e alternativas à crise. “A soluçãopara esta crise não será real se vier dos mesmos que acriaram”, avaliou.“A construçãode um novo mundo vai estar em nossa mãos, cabe a nósconstruí-lo. Temos um desafio monumental pela frente. Nossodesafio é repensar o desenvolvimento, mas com direito àesperança, à ousadia, à utopia”, acrescentou osociólogo Cândido Grzybovski, do InstitutoBrasileiro de Análises Sociais e Econômicas(Ibase)e também membro do Conselho Internacional do Fórum.Uma caminhada pelasruas de Belém hoje à tarde vai abrir oficialmente oFSM. A organização do megaevento espera reunir mais decem mil pessoas. Até o dia 1°, mais de 2,4 mil atividadeestão programadas.