Primeiro dia começa com debates sobre questão indígena na Amazônia

27/01/2009 - 23h21

Amanda Cieglinski
Enviada Especial
Belém - O primeiro dia dedebates do Fórum Social Mundial (FSM) será dedicado aostemas ligados à Pan-Amazônia (Brasil, Bolívia,Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa eSuriname). Celebrações, seminários e discussõesvão abordar as questões indígenas e dos povos dafloresta, além da preservação do meio ambiente eas mudanças climáticas.“O mundo todo estáconcentrado nas questões amazônicas, ela tem uma funçãoestratégica para a preservação do planeta. Eaqui são os próprios povos indígenas que estãodando seu recado, mostrando qual é a situação.Só eles têm condições de criar junto comos não-índios as bases de um novo modelo dedesenvolvimento”, afirmou a coordenadora regional do FSM, AudeliceOtterloo.O representante daCoordenadoria Andina de Organizações Indígenas(Caoi), Miguel Palacin, denunciou a criminalização dosmovimentos sociais em países da América do Sul, como noPeru. “Se um policial te mataestá isento de responsabilidades. Assim é feita alegislação, com leis inconstitucionais", criticou.Para o presidente doFórum da Amazônia Oriental (Faor), Matheus Otterloo,Belém foi escolhida sede do FSM justamente em funçãodo contexto de mudanças climáticas e da inviabilidadedo atual modelo de desenvolvimento. Entre os problemas da região,Matheus destacou a instalação de hidrelétricasna região. “Precisamos denunciar e nos juntar para impedir[isso]. Os grandes rios da Amazônia sãotransformados em produtor de energia inclusive para regiõesque nem se quer trazem benefícios para os povos indígenas.E há muitas outras [hidrelétricas] planejadaspara serem construídas ”, disse.As atividades da manhãmostraram também que nem só de índios éfeita a floresta. O membro da Coordenação deQuilombolas do Estado do Pará Daniel Souza defende que,juntamente com os índios, são os moradores do quilomboque preservam a floresta.“O índio énativo e o negro foi trazido, mas nós somos a Amazôniatambém. Nós somos menos do que os índios, masdescendentes dos escravos e muito sofridos. Nós agradecemosaos índios, porque se nós fugimos e nos escondemos foigraças a eles que conheciam a cachoeira, que conheciam a matae nos ajudaram”, defendeu.Os debates continuamnas tendas da Universidade Federal do Pará e na UniversidadeFederal Rural da Amazônia. Durante a tarde, um dos espaçosserá dedicado à irmã Dorothy Stang, onde serádiscutido o desrespeitos aos direitos humanos na região.